A 4ª edição da Festa da Semente Crioula reuniu centenas de agricultores familiares do Rio Grande do Sul e do Oeste de Santa Catarina, neste domingo (28/01), na sede da Cooperbio, na linha Tesoura, interior do município de Seberi, no Norte do Estado. O evento foi promovido pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e proporcionou espaço de troca de sementes crioulas entre os agricultores, exposição e feira de produtos orgânicos e agroecológicos, além de almoço típico camponês e apresentações culturais.
Respeito à natureza, à saúde dos alimentos e aos trabalhadores do campo
Ao mesmo tempo em que se renova o desafio de respeitar o ciclo natural da vida, produzindo alimento sem a interferência agressiva de insumos químicos no plantio ou venenos no manejo, o campesinato tem especial atenção para a preservação de uma prática passada de geração a geração, desde tempos imemoriais: a produção de suas próprias sementes.
“Nós partimos de um princípio norteador que é o respeito ao ciclo natural da vida, reforçando o vínculo do camponês com a terra que serve de berço aos seus cultivos”, explica a bióloga Débora Varoli, dirigente do MPA da comissão organizadora do evento. “As sementes crioulas são cultivadas e selecionadas ano após ano por nossas famílias, elas atendem às nossas necessidades e estão adaptadas às condições de cada região e aos nossos sistemas de produção”, acrescenta. Varoli destaca de modo especial a participação dos coletivos de mulheres ligados ao campesinato, frisando o papel que elas costumam exercer nas pequenas propriedades associado à produção do alimento e a preservação das sementes.
Os festejos começaram no amanhecer com a alvorada dos trabalhadores, que vieram de diversas regionais do movimento para apoiar a realização da atividade. A partir das 9 horas, teve início a feira de produtos orgânicos e agroecológicos e a mostra das sementes crioulas. Ao meio dia, foi servido almoço com cardápio típico camponês, utilizando exclusivamente alimentos produzidos pelos camponeses da base do movimento, cultivados sem veneno. Na parte da tarde, a programação contou com diversas rodas de conversa.
Para Marcos Joni Oliveira, presidente da Cooperbio, (cooperativa camponesa que sediou a festa), o objetivo do evento foi “fortalecer a cultura da partilha da semente crioula, valorizando os saberes populares e o processo natural de seleção empreendido pelas gerações de pequenos agricultores ao longo de séculos de cultivo”. Oliveira destaca ainda a necessidade de reforçar a mensagem da agroecologia, buscando demonstrar com experimentos e pesquisas realizadas pelos profissionais e técnicos vinculados ao campesinato.