MMC celebra graduação de camponeas em universidades: conquista das lutas!

31 de março de 2022

O Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) registrou através de seu site e redes sociais a celebração da formatura de duas companheiras em crusos universitários. Trata-se de Rosangela Piovizani, do MMC no Distrito Federal e Entorno, que se graduou bacharel em Direito, e Rosa Job, do MMC no Rio Grande do Sul, que recebeu o diploma em Marketing, cujos registros públicos foram compartilhados no último sábado (26/03). “Para o MMC, a conquista das companheiras é de cada mulher camponesa organizada em cada quintal produtivo, em cada roçado, em cada comunidade de base, em cada luta e resistência históricas já vividas. O Movimento salienta que por muito tempo o acesso à educação foi negado às camponesas e só com muita luta conseguiram chegar na universidade”, expressa a publicação.

O MMC ressaltou ainda que as políticas públicas de acesso são conquistas dessa luta da classe trabalhadora e que depois do golpe de 2016 vieram muitos ataques e perda de direitos. Por isso, o Movimento denuncia o golpe e fortalece todos os dias a resistência ao atual governo genocida de Jair Bolsonaro.

 

Luta, resistência popular e emoção nas conquistas

Rosangela Piovizani, dirigente nacional do MMC, formou-se em direito pela turma Fidel Castro, a segunda turma de direito pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), na Universidade Federal de Goiás (UFG). “O sentimento de terminar um curso de direito por uma universidade pública, pelo Pronera, é pra mim é uma felicidade muito grande e uma responsabilidade muito grande também. Chegou um pouco tarde pra mim, mas antes tarde que nunca. Eu quero agradecer cada companheira e a todas as mulheres que iniciaram a nossa organização das camponesas em períodos mais distantes”, diz Rosangela.

“Começamos com uma turma de 60 integrantes e a maioria éramos mulheres, mas chegamos ao final com 44 formandos. Percebemos que a maioria das desistências foi de mulheres, o que nos deixa tristes e nos alerta ainda mais para a questão estrutural do machismo e das questões que envolvem a vida das mulheres no cuidado com a casa, com a comida, com crianças e doentes, que impedem de avançar nos seus sonhos”, explica Rosangela. Ela destaca também que a turma produziu muitos trabalhos importantes para a luta da classe trabalhadora. O tema de Rosangela foi: “Movimento de Mulheres Camponesas: Lutas e Conquistas no Reconhecimento da Cidadania, Direitos e Emancipação das Mulheres do Campo, das Florestas e das Águas”.

“Nossos trabalhos mostram os desafios cotidianos que o nosso povo e os movimentos têm que enfrentar na busca por justiça desde as questões previdenciárias, violência doméstica, questões de raça, de encarceramento de indígenas e transexuais, acesso à terra, às sementes. Comemoramos também que algumas pessoas já passaram para mestrados outras já se ingressaram em trabalhos em diversos espaços no sistema de justiça, um bom número de nossos educandos já tem carteira da OAB e já estão advogando. Então se percebe que vamos pintando de povo esses espaços tão elitizados e embranquecidos. Mas como diz Lira Filho, o direito também vem das RUAS e foram elas, com nossas lutas, ações, manifestações, reivindicações que se construíram políticas públicas como a Educação do Campo e o Pronera”, finalzia Rosângela.

 

Depois de formar três filhas, a mãe também buscou sua formação

A companheira Rosa Job, liderança do MMC no Rio Grande do Sul, formou-se em Marketing pela Universidade do Norte do Paraná (Unopar). “Fiz este curso com o objetivo principal de aplicar meus conhecimentos em nosso Movimento mesmo, venho notando ao longo dos anos que nós semeamos, plantamos, mas nem sempre somos nós que colhemos as conquistas na visão da sociedade, então tenho por objetivo colocar os conhecimentos em prática, o que já venho fazendo aqui na região. Quero ajudar a avançar para que mais pessoas conheçam o MMC”, aponta Rosa.

Ela conta que, depois de ter formado três filhas, uma dentista, outra veterinária e outra assistente social, todas com apoio do FIES, políticas públicas dos governos Lula e Dilma, ela buscou também se graduar. “Sou uma camponesa de 55 anos, avó, que ainda tem outra formatura até o final do ano: vou me formar em Terapias Integrativas Complementares, também pela Unopar”, conta Rosa, orgulhosa das conquistas.