*Marciane Fisher – Hulha Negra (RS)
Um sábado especial, essa foi a tônica do dia de atividades que colocou crianças e jovens assentados da reforma agrária nos municípios de Candiota e Hulha Negra (RS), em contato com Guaranis instalados na Terra Indígena Passo da mina, no município de Aceguá.
A primeira ação foi protagonizada pelos integrantes do coletivo Juventude Popular da Campanha, que junto com a comunidade guarani plantaram mais de 120 mudas de árvores frutíferas e nativas na área conquistada pelos guarani há menos de 2 anos e que carece de frutas e cobertura florestal. Além do plantio, os jovens participaram de atividade de formação com o coordenador da aldeia, Nilton de Oliveira, ouvindo e aprendendo sobre a história, a cultura e a luta pela sobrevivência do seu povo.
A atividade faz parte do projeto nacional do MST de plantar 100 milhões de árvores em todo o território nacional em 10 anos. “Nós estamos todos os dias lutando, por água, por terra, por alimento saudável, por vida”, afirmou a jovem assentada Sara Cabrera. Acrescenta ainda que, além das árvores plantadas, a Juventude Popular da Campanha contribuiu ainda na implantação de um espaço para produção de hortaliças na localidade.
– No momento que estamos vivendo, contribuir com os povos originários é nosso papel enquanto geração, temos o compromisso de caminhar lado a lado com eles, resistindo na luta da retomada dos seus territórios -, afirma a jovem. “Somos filhas e filhos desta terra e a mãe do Brasil é indígena”, finalizou.
Sem-terrinhas e curumins brincam e aprendem juntos
Outro momento especial registrado no dia de atividades foi protagonizado pelos alunos da Escola Chico Mendes, localizada no assentamento Santa Elmira, em Hulha Negra. Os sem-terrinha – como são chamados os filhos e filhas de famílias assentadas da reforma agrária pelo MST – participaram de atividades educativas e solidárias junto aos curumins – crianças e jovens filhos das famílias Guarani.
Assim como os sem-terrinha tiveram a oportunidade de assistir as crianças indígenas cantar em guarani, puderam brincar juntas e presentear as crianças guaranis com material escolar. Também foi compartilhada uma técnica de plantar sementes após o uso de um lápis de escrever, deixando um legado simbólico do encontro.
Foram registrados momentos de muita emoção e aprendizado, livres de preconceitos e com forte carga humanizadora e solidária. “A integração com as famílias nativas guaranis e a interação com a natureza marcaram esse dia especial”, relata a Educadora Cenira Hahn. “A visita realizada por professores e alunos da escola Chico Mendes com certeza ficará registrada na memória de todos do grupo”, concluiu.
*Comunicadora popular, militante do MST, assentada da reforma agrária.