Notícia

Comunicação a serviço da Casa Comum marca o primeiro painel do Muticom

Texto de Pe. Tiago Barbosa, complementado com informações do ICPJ / Fotos: Darcy Lima e Victoria Holzbach/ Publicação original disponível em: https://muticom.com.br/comunicacao-a-servico-da-casa-comum-marca-o-primeiro-painel-do-muticom/

 

 

O segundo dia do Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), que está sendo realizado em Manaus (AM) foi marcado por um painel que buscou a reflexão sobre como a Comunicação pode contribuir para a preservação da vida na Casa Comum. O evento reúne agentes de pastoral, profissionais, estudantes e entusiastas da comunicação de todo o Brasil, debatendo o tema: “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa”.

 

Conscientizar e transformar 

“Comunicação e Ecologia Integral” foi o primeiro painel que visou apresentar o trabalho comunicacional como via eficaz da conscientização da população de que a ecologia está totalmente integrada e, por isso, precisa ser preservada para o futuro da vida. 

O pesquisador Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), evidenciou os eventos extremos que provocam chuvas abundantes e secas recordes no país, e que espalham danos sociais e ecológicos em todo o país. 

As ondas de calor, o aquecimento global, as queimadas, o desmatamento e o ciclo da água também foram apresentados também por Sampaio ao destacar que as mudanças climáticas são consequências da intervenção humana desmedida em detrimento dos recursos naturais que são finitos. 

Sampaio ressaltou que a Igreja tem papel fundamental no processo da Ecologia Integral “ao difundir uma comunicação que organize as informações, faça com que ela  chegue nas comunidades e conscientize a todos da importância da preservação ambiental para a vida no planeta”.

Em sua fala, a jornalista Rosiene Carvalho, da BandNews Difusora, evidenciou que as mudanças climáticas afetam também a saúde das pessoas e que o “desafio dos comunicadores é fazer com que os dados científicos alcancem as comunidades e o debate público”. 

O controle de mídia que financia a desinformação na região amazônica e amplia dados falsos a respeito da exploração mineral e madeireira foram abordados por Carvalho que indicou também a omissão da pauta indígena, por exemplo, por vezes, à margem do debate público. Neste sentido, ela apresentou a atividade jornalística livre como necessária para que os interlocutores recebam a integralidade ecológica proposta pelo Muticom. 

“Na comunicação, nós podemos trazer de volta o ver, o sentir e o fazer”, explicou a Prof. Ivania Viera, ao fazer a mediação do painel e ao indicar que o Muticom na Amazônia é “um sinal de esperança”.

Ela afirmou que as diversas experiências de comunicação Brasil a fora, reunidas na 14ª edição do Mutirão de Comunicação, propõe uma ‘potência comunicacional’ que leva em consideração as necessidades de todos, sem exclusão. 

Por meio de uma “Conversa de Beira de Rio”, o painel foi encerrado com a interação dos participantes com os assessores que esclareceram dúvidas e afirmaram que a comunicação eclesial também pode estar a serviço da Ecologia Integral. “Esse momento foi muito importante pois mostrou que a Igreja pode se apropriar dos dados científicos da realidade ecológica e colocá-los a serviço da Casa Comum e do futuro das comunidades”, indicou Karina Costa, agente da Pastoral da Comunicação (Pascom) da área missionária São Francisco das Chagas, da capital manauara.


 

Missão Sementes de Solidariedade citada 

O jornalista e comunicador popular Marcos Antonio Corbari, que está representando o Instituto Cultural Padre Josimo no Muticom teve oportunidade de comentar sobre os efeitos da crise climática no RS, a destacar os eventos extremos de 2023 e 2024, colocando em evidência o trabalho das organizações e movimentos que compõe o esforço permanente chamado “Missão Sementes de Solidariedade”.

“Nos reunimos, formamos um grande grupo de voluntários, nos organizamos e fomos a campo buscando compreender e encontrar os melhores meios de ajudar especificamente o segmento dos agricultores e agricultoras de matriz camponesa e familiar, que estavam sendo invisibilizados na cobertura da grande imprensa e, em consequência, sem receber atenção para sua necessidades naquele momento de desespero”, relatou.

Para ele, além das ações de socorro emergencial para garantir inicialmente a alimentação e subsistência e depois a retomada da capacidade da produção de alimentos com a doação de sementes e mudas, depois aspectos se destacaram na atividade: “Primeiro foi a escuta, deixar as pessoas contarem suas histórias e relatarem sua condição, externizar o que estavam sentindo; depois veio a necessidade de comunicar ao mundo o que aquelas pessoas estavam passando e o papel da comunicação popular foi decisivo para essas duas situações”.

Por fim, Corbari citou a necessidade de os instrumentos de comunicação que existem nas comunidades – as Pastorais da Comunicação foram apontadas como exemplo – engajarem-se para além dos seus objetivos formais: “Precisamos ir além do cumprimento de nossas tarefas cotidianas objetivas, precisamos ir até as pessoas, primeiro ouvi-las e depois deixá-las falar, precisamos assumir o compromisso de chegar até aqueles e aquelas que por qualquer motivo que seja estão privados de voz e de vez”.

A participação do ICPJ no Muticom conta com o apoio da Fraternidade Franciscana São Boaventura, de Manaus (AM).

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