Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) está representado em espaço no pavilhão da reforma agrária da FEICOOP
Texto: Marcos Corbari – Jornalista – MPA
O mote do evento é a economia solidária. As experiências expostas são as mais diversas. As representações são locais, regionais, nacionais e latino americanas. E no meio desse contexto de múltiplas culturas, múltiplos saberes e múltiplas formas de agir e construir coletivamente, o exemplo do campesinato está em destaque mais uma vez. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) está representado em espaço lado a lado com companheiros históricos de luta, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e os grupos de espiritualidade alternativa, compondo o cenário do chamado túnel da reforma agrária, um pavilhão especial na 13ª Feira Latino Americana de Economia Solidária e a 24ª Feira Internacional do Cooperativismo, em Santa Maria (RS), desde sexta, 7, até domingo 9 de julho.
– A gente fica impressionada com o que encontramos aqui, com a variedade de alimentos produzidos com pureza, respeitando o meio ambiente e provendo a mesa da família da gente com sabor de primeira grandeza -, destaca a professora Samanta Costa, que veio da região metropolitana prestigiar o evento de Santa Maria. “Nós entendemos que ao levar alimentos da agricultura camponesa para nossa casa, nós estamos levando conosco uma história de resistência, uma luta em defesa da vida, onde cultivar da forma correta é mais importante que cultivar pelo fim mais lucrativo”, acrescenta. A produção de alimento sem a utilização de veneno, sem adição de qualquer aditivo químico é uma das principais bandeiras de luta do movimento, que propõe um reencontro com a natureza e com a mãe terra rumo a um novo modelo social onde fica claro que a opção do alimento que se leva para a mesa também é uma opção de todo um sistema de produção que pode ser amparado no ser (como propõem os camponeses) ou que pode ser baseado no ter (como propõem as forças capitalistas, representadas pelo agronegócio), ou seja, mais que nunca, comer é um ato político.
Além de alimentos originários da agricultura camponesa e cultivados através dos princípios da agroecologia, o espaço do MPA também apresenta uma grande mostra de sementes crioulas preservadas através das ações estratificadas de preservação da matriz genética original, recuperando saberes e cultivares tradicionais, cuja seleção de qualidade se deu de forma natural ao longo de centenas de anos pelos nossos ancestrais, até chegar a nossos pais e avós e, neste momento, nos desafia a preservação e continuidade. A reflexão parte do guardião de sementes Pedro Kunkel, que dedica sua vida à manutenção da Casa de Sementes Mãe Terra de Panambi. “Nossa ação é continua, ininterrupta, porque a semente crioula é sagrada, é uma simbologia pela falamos de toda a riqueza que compõe a base alimentar do camponês, a manutenção da vida, do bem estar das famílias”, comenta.
No campo da partilha de saberes, outro destaque presente no espaço do MPA é a representação do Instituto Cultural Padre Josimo, através dos quais as publicações do movimento são convertidas ao formato físico de livros. E são dezenas de títulos comercializados por preço de custo, trazendo tanto os referenciais dos saberes camponeses, quanto os relatos políticos que se referem às lutas históricas e as propostas derivadas do plano camponês que se baseia nas soberanias alimentar, energética, territorial, hídrica, genética e do saber. Em destaque entre as publicações está o novo livro do Frei Sergio Antônio Görgen, “Trincheiras da resistência camponesa sob o pacto de poder do agronegócio”, que está disponível para comercialização através das regionais do MPA e também aqui em nosso site, na aba LOJA.