ANATER, Instituto Padre Josimo e MPA dão início ao programa Bem Viver Pampa

24 de junho de 2024

Ações de assistência técnica rural serão voltadas a pequenos agricultores localizados no bioma Pampa

Marcos Antonio Corbari
Brasil de Fato | Pelotas (RS)
 

Curso iniciou nesta segunda (24) e se estende até sexta (28) perfazendo 40 horas de atividade – Paulo Luiz Lanzetta Aguiar / Embrapa

Iniciou na manhã desta segunda-feira (24), no centro de formação da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS) o curso de formação de agentes de assistência técnica rural promovido pelo Instituto Cultural Padre Josimo (ICPJ) e Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). O objetivo da atividade é a formação de grupo gestor e agentes que vão trabalhar no projeto Bem Viver Pampa, que vai atender 500 famílias de pequenos agricultores de matriz familiar, camponesa e assentados da reforma agrária em 18 municípios na região sul do RS. Também participam da atividade representantes da Embrapa, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Durante a fala de acolhida aos participantes, Frei Sérgio Görgen, diretor do ICPJ, destacou a importância da retomada do programa de Ater como uma das ações mais importantes desenvolvidas pelo Governo Federal junto ao povo do campo, com destaque aos pequenos agricultores das mais diferentes matrizes. “Também temos que destacar essa retomada da Anater, lembrando que a sua constituição foi objeto de um momento de luta pelos Movimentos Sociais, voltando a cumprir o papel institucional estabelecido no momento de sua criação”, afirmou. Saudou ainda a Embrapa e o seu papel estratégico no desenvolvimento científico e na construção de canais de acesso para que o saber produzido nas instâncias da pesquisa e da academia cheguem de fato até o povo. Já sobre o MDA, Görgen frizou o papel que exerce na reconstrução das políticas públicas do campo e, de modo destacado, com os pobres do campo, alertando que: “O caminho é positivo, mas ainda precisamos que aumente e que acelere, porque o campesinato já sofreu e esperou demais”.

Durante os 5 dias de formação os participantes terão a oportunidade de acessar construção de conhecimentos referentes às famílias beneficiárias, a recuperação de recursos hídricos no território atendido e a metodologia apropriada para a execução das atividades previstas no plano de trabalho. O programa de formação prevê informações sobre o público beneficiário, diagnósticos, planejamento, políticas públicas, diagnóstico rural participativo, metodologia, apropriação tecnológica.

Izabel Silva, gerente de formação e qualificação da Anater lembrou Paulo Freire ao dar abertura à formação, citando que a assistência técnica é um processo de comunicação e extensão. “Para mim é muito caro estar neste espaço, pelo que ele representa e de modo especial com o ICPJ também pelo que ele representa”, citou. Registrou que a Anater está fazendo 10 anos e embora tenha passado por alguns anos de obscuridade no último período, está retornando através de um projeto de retomada da participação social: “Estamos devolvendo à sociedade o que de fato é a sociedade”. Explicou que para a atual gestão da agência a extensão rural é um processo pedagógico e a relação com as instituições também deve ser um espaço pedagógico. “O programa Bem Viver Pampa é uma demanda real da sociedade, um comprometimento do ministro Paulo Teixeira do MDA a partir da demanda de um problema sério da região”, explicou, relembrando do momento difícil que o estado passou recentemente com três períodos sucessivos de seca e que atravessa agora com as enxurradas e enchentes.

Parceiros celebram a perspectiva de retorno das ações de Ater

Adilson Schuch, dirigente do MPA, aponta que a contratação do projeto vai atender a uma base social importante, que precisa muito de inserção nas políticas públicas, de modo que saia do status de invisibilidade a que está imposta ao longo dos últimos anos. “É uma instância de reconhecimento para milhares de pequenos agricultores que se mantém no campo, que resistem produzindo alimentos e defendendo a preservação do meio ambiente”, afirmou. Falando em nome da chefia da Embrapa Clima Temperado, o pesquisador Costa Gomes agradeceu a escolha da sede da Cascata para acolher a formação e informou que naquele local foi instalado desde a década de 40 do século passado um centro ecorregional que trabalha com agroecossistemas e com os públicos que trabalham com esses agroecossistemas: “Costumo dizer que essa estação tem DNA agroecológico desde o seu nascimento. Quem vem pra cá acaba se contaminando com o clima agroecológico que essa estação tem”. O curso, segundo Costa Gomes, fortalece a posição dos pesquisadores da casa, que militam para que a ciência seja democraticamente apropriada pelo povo.

Para o representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Anderson Lobato, a atividade realizada na formação de agentes técnicos para Ater, fortalece a ideia de que se transfira recursos hoje centralizados em Brasília para que cheguem de fato até quem mais precisa dele. “A ideia de retomar a política territorial no MDA é muito importante”, afirmou, anunciando que em breve o MDA vai realizar ações de retomada nos 18 territórios constituídos no Estado do RS. Já o diretor da Unipampa Campus Bagé, Alessandro Carvalho Bicca, explicou que a universidade já está operando junto com o ICPJ e com o MDA em um programa de fomento, em linha semelhante ao que se vai fazer agora, ou seja, “dar assistência técnica a quem mais precisa dela, a quem está numa linha de muitas dificuldades e que mesmo invisibilizado segue lutando para produzir alimentos”.

A formação de 40 horas se estende até o final desta semana e a atuação dos técnicos capacitados deverá iniciar nos primeiros dias de julho, já iniciando as visitas, cadastramentos e primeiros atendimentos às 500 famílias selecionadas.