Por Dom Guilherme Antonio Werlang Werlang*

No Brasil seguramente mais de 80% do povo vive na cidade, pequena ou grande, mas a maioria absoluta concentra-se nas grandes cidades e metrópoles..

Se perguntarmos a uma criança, a um adolescente, jovem ou mesmo para MUITOS ADULTOS de onde vem a água, vai dizer, “da torneira”, ou da companhia de tratamento da água; se perguntarmos de onde vem o frango, as carnes, as frutas, os sucos, o leite, etc, etc. etc, vai dizer que vêm do supermercado, da mercearia, do shopping, se perguntarmos de onde vêm os calçados, as roupas, vai dizer que é das lojas, os cadernos e livros vêm das livrarias.

Poucos ou quase ninguém tem noção de onde vem A MATÉRIA PRIMA, de onde vem A PRODUÇÃO. Muito menos da geração da cidade saberá nem 5% ou ainda menos porcento sobre a VIDA DURA E SACRIFICADA do HOMEM e da MULHER da ROÇA. Para quem vive na cidade, o campo, a lavoura, a fazenda, o sítio, as matas tropicais, … TUDO É ROMÂNTICO E BELO. Pouco se sabe de lá onde se planta, colhe, se cria o gado, o frango o porco, de lá onde se levanta antes do sol e se trabalha duro muitas vezes noite a dentro ou fura noites para que NADA FALTE NA MESA de quem nem quer chegar perto do cheiro forte e ruim de uma granja de frangos, suínos, curral de gado. Quer-se o leite quente na mesa, o café cheiroso, o chocolate pronto, o melhor calçado ou roupa, a COMIDA SEMPRE GOSTOSA, mas poucos se importam COM AQUELE HOMEM OU MULHER E, MUITOS DELES, JOVENS OU ADOLESCENTES, VIVENDO MISTURADOS COM ESTES ANIMAIS, OU BANHADOS EM SUOR,OU QUASE CONGELADOS DE FRIO, MOLHADOS DE CHUVA, OU DESESPERADOS PORQUE A SECA ESTÁ QUEIMANDO TUDO, ATÉ QUASE OS “MIOLOS” DOS LAVRADORES E LAVRADORAS, HOMENS E MULHERES DA ROÇA OU DO CAMPO.

Em reconhecimento e homenagem a todos estes, VERDADEIROS E ANÔNIMOS HERÓIS da nação e da humanidade, apresento SANTO ISIDRO. (Claro que não são os únicos heróis).

O santo nasceu em Madri (Espanha), no ano de 1070.
Era filho de pais camponeses, simples e seguidores de Cristo. O menino cresceu sereno, bondoso e muito caridoso, trabalhando com os familiares numa propriedade arrendada.

Levantava muito cedo para assistir a missa antes de seguir para o trabalho duro do campo. Quando seus atos de fé começaram a se destacar, já era casado com Maria Toríbia e pai de um filho.

Sua notoriedade começou quando foi acusado de ficar rezando pela manhã, na igreja, em vez de trabalhar. De fato, tinha o hábito de parar o trabalho uma vez ao dia para rezar, de joelhos, o terço. Mas isso não atrapalhava a produção, porque depois trabalhava com vontade e vigor, recuperando o tempo das preces. Sua bondade era tanta que o patrão nada lhe fez. era lavrador, um camponês.

Não era só na oração que Isidoro se destacava. Era tão solidário que dividia com os mais pobres tudo o que ganhava com seu trabalho, ficando apenas com o mínimo necessário para alimentar os seus. Quando seu filho morreu, ainda criança, Isidoro e Maria não se revoltaram, ao contrário, passaram a se dedicar ainda mais aos necessitados.

Isidoro Lavrador morreu pobre e desconhecido, no dia 15 de maio de 1130, em Madri, sendo enterrado sem nenhuma distinção. A partir de então começou a devoção popular. Muitos milagres, atribuídos à sua intercessão, são narrados pela tradição do povo espanhol. Quarenta anos depois, seu corpo foi trasladado para uma igreja e mais trade canonizado como SANTO. Padroeiro dos LAVRADORES e CAMPONESES.

A santidade é um chamado de Deus a todos os homens e mulheres, independente de onde vivem ou trabalho que exerçam.

*Dom Guilherme Antonio Werlang Werlang é bispo católico da Diocese de Ipameri-GO