Na vida de Jesus também percebemos muitos “Gestos Orantes”, de Jesus e de muitas pessoas que entram em contato com Ele. Através de gestos demonstram disposição para entrar em diálogo como Deus, demonstrar de forma visível suas “Atitudes Orantes”.
Entre os principais e mais frequentes “Gestos Orantes” como expressão de Prece e disponibilidade à comunhão com Deus que podemos perceber nos Evangelhos, podemos destacar:
Colocar as Mãos sobre a Cabeça, Impor as Mãos
Jesus faz isto com alguns doentes e com as crianças. “Levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração”. “Jesus colocou as mãos sobre a mulher encurvada, imediatamente ela se endireitou e começou a louvar a Deus”. Lc 13, 13.
Ajoelhar-se
Ocorre de modo frequente nos Evangelhos. É o filho prodigo que se ajoelha diante do pai, é os que pedem para serem curados, é o samaritano pecador no fundo da sinagoga, é Madalena querendo tocar os pés de Jesus, é a adúltera implorando para não ser apedrejada, é a mulher que unge os pés de Jesus na casa do fariseu.
Prostrar-se por Terra
É mais que ajoelhar-se. É um ajoelhar-se implorando. É uma atitude de desespero, de quem está rezando no último fio da esperança. Nos relatos dos Evangelhos é a mulher Cananéia quem se prostra pedindo a cura da filha, é a mulher com hemorragia que toca o manto de Jesus e é o próprio Jesus no horto das oliveiras que se põe prostrado por terra implorando que lhe seja afastado o doloroso cálice do sacrifício supremo.
Abraçar e Beijar
Jesus abraça as crianças, o Pai abraça e beija o Filho pródigo.
Tocar
Jesus toca os ouvidos do surdo, toca os olhos do cego, e os cura. A mulher com hemorragia toca o manto de Jesus e fica curada. Neste relato vemos que o gesto de “tocar” é muito forte. Jesus diz: “Alguém me tocou”, no meio do empurra-empurra da multidão. “Senti que uma força saiu de mim”. Tomé quer tocar as chagas de Jesus. Madalena quer tocar os pés do Ressuscitado. A multidão se empurra para tocar em Jesus. No fantástico relato do evangelista Mateus (14, 35-36) podemos ler: “ Os habitantes daquele lugar, reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados. ” “Procuravam tocá-lo, porque uma força saia dEle.”
Tocar é sentir, é criar vínculo direto, criar relação material e afetiva, uma forma envolvente e direta de comunhão espiritual.
Abençoar
Jesus abençoa o pão e os peixes, abençoa as crianças. Pede a benção sobre o pão e o vinho. Pede a benção sobre os discípulos. Pede a bênção aos doentes.
Ungir
Os magos levam óleo, incenso e mirra para ungir o menino Jesus recém-nascido. Jesus se diz ungido por Deus ao citar o profeta Isaias na sinagoga de Nazaré ao iniciar sua missão. “O Senhor me ungiu para evangelizar os pobres”. A mulher unge Jesus com óleo na casa do fariseu. Jesus é ungido por José de Arimatéia e Nicodemos para ser sepultado. A unção é para a vida, para a missão, para reconhecer o bem que faz e para a passagem para a outra forma de vida.
Água
João batiza com água do Jordão, Jesus acalma as águas na tempestade. Jesus caminha sobre as águas. Quem dá um copo de água não fica sem recompensa. Os discípulos matam a fome pescando no segredo das águas. Quem bebe da água verdadeira jamais terá sede. Encaminha o doente a lavar-se na piscina de Siloé. Lava os pés dos discípulos. Jesus se identifica com os que não tem acesso à água: tive sede e Me destes de beber. Água é vida, bênção, cura, purificação, conversão, sinal de adesão, necessidade humana, sinal de solidariedade com o próprio Deus.
Partir o Pão
Um gesto tão típico e tão frequente, que os discípulos de Emaús reconhecem Jesus no momento deste gesto singelo de partir o pão e não o reconheceram em mais de duas horas de pregação durante a viagem a pé. Jesus o repete este gesto várias vezes nos relatos evangélicos e o deixa como “Sua memória” na última Ceia.
Retirar-se e Fazer Silêncio
Gesto repetido inúmeras vezes por Jesus, a exemplo do narrado por Mateus 14, 23: “Depois de despedir a multidão, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho”.
Estender a Mão
Jesus estende a mão e segura o discípulo Pedro, quando este está afundando nas águas. Estender a mão é sair de si, ir ao encontro, oferecer o que temos para quem precisa, mostrar o que não temos para que o outro nos alcance o que precisamos. Quando mãos se estendem, o amor torna-se ato. Orar e ser solidário, na mística cristã, se misturam e se entrelaçam. Nos Evangelhos, estender a mão, segurar de pé, não deixar afundar nas águas dos problemas da vida, é gesto orante.