Notícia

Antonio Gringo: 50 anos de carreira de um cantor do povo

Marcos Antonio Corbari

Jornalista Mtb 16193

 

Ano passado me detive a escrever a argumentação para um projeto cultural do cantor e compositor Antonio Gringo. Quando alinhávamos as referências chegamos a uma conclusão: embora as datas específicas não tenham sido guardadas com exatidão, o artista estaria chegando neste período aos 50 anos de carreira.

Cantando no programa Vida no Sul / Foto: Arquivo ICPJ

A vida e a carreira de Antonio Gringo se entrelaçam com a própria história da música no estado do Rio Grande do Sul. Tendo em seu repertório sucessos como “Cativeiros” (de sua própria autoria) e “América Latina” (do saudoso Humberto Gabbi Zanatta), figura na lista dos maiores nomes do cancioneiro gaúcho, tendo se apresentado tanto nos maiores palcos do estado, sido laureado nos principais festivais nativistas, aplaudido até mesmo além fronteiras, sem jamais ter deixado de empenhar canto e melodia quando chamado nas andanças entre os mais humildes, sempre com o mesmo cuidado e respeito.

Iniciou a carreira musical em Rodeio Bonito, sua terra Natal, ainda nos anos de 1960, tocando bailes com grupos de músicos daquela época. Fez da música sua razão para viver, e, dela, tira o sustento. Formou vários grupos e tocou outros estilos musicais, até gravar seu primeiro LP em 1977 que se intitula, “Eu sou Antônio Gringo”, depois disso, fez carreira solo e seguiu liderando o grupo “Os Quat

Antônio Gringo, foi apresentador de programas de televisão como “Povo Gaúcho” e “TVE nos Festivais” (veiculados pela TVE do RS) e “Vida no Sul” (veiculado pela TV Aparecida, TVT e Rede Vida de SP). Em sua discografia constam os discos “Eu sou Antonio Gringo” (1977), “Porque Canto” (1983), “O Canto da Terra” (1986), “Cativeiros” (1989), “De Surpresa” (1991), Poncho e Paz (1994), “Temperando a Vanera” (1996), “Nossa Terra, Nossa Gente” (1999), “Parceiros” (199, com Adão Lanes), “Rio Grande dos Sonhos” (2002), “Canto Chamamecero” (2000), “As mais populares de Jayme Caetano Braun” (20023), “Aurora Camponesa” (2005), “Antônio Gringo Canta Suas Raízes” (2008) “Pequeno Gigante” (2013), “Construindo Pontes” (2019).

Também faz parte de sua discografia o álbum “O melhor dos festivais”, que resgata parte das canções que defendeu em festivais e eventos e que foram gravadas para os respectivos discos, tendo inclusive recebido diversas distinções e prêmios. Em 2014 foi agraciado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com o Troféu Vitor Mateus Teixeira (Troféu Teixeirinha) na categoria Cantor.

Apresentando o programa TVE nos Festivais / Foto: reprodução TVE.

Lembro de uma edição da Festa Nacional da Semente Crioula, realizada em Seberi (RS), onde Gringo é padrinho dos artistas que sobemao palco se apresentar. O guardião de sementes Pedro Kunkel falou sobre as diversas configurações que o termo “sementes crioulas” abrange. Desde as sementes propriamente ditas, das uqais os pequenos agricuotores e agricultoras produzem a comida que alimenta o Brasil, passando pelas plantas medicinais, pelas mudas das árvores nativas, pelas espécies de animais que povoam os terreiros em volta das casas, até os elementos simbólicos que se alinham a vida, ao trabalho e à cultura daqueles e daquelas que vivem o cotidiano do cultivo na terra.

“A arte também é uma semente crioula… A música, literatura as artes plásticas, o artesanato e tantas outras manifestações da cultura popular também são variedades de sementes crioulas que precisam ser preservadas e multiplicadas, que precisam ser cultivadas e compartilhadas. A arte é uma espécie de mística que alimenta a esperança camponesa”, disse Pedro, antes de apontar para Antonio Gringo e anunciar que ali, naquele homem de trato simples e jeito humilde, a mais legítima representação da arte como semente.

Há 50 anos o cantor e compositor Antonio Gringo é um legítimo representante deste conceito que mescla a cultura e trabalho do povo, escrevendo, compondo e cantando as coisas bonitas do cotidiano dos mais simples, dos pequenos, dos que muitas vezes não tem voz nem vez. Que privilégio temos de ver nos palcos este homem e seu violão, ouvir seus versos e ter no cotidiano de nossa vida o seu cancioneiro.

Saudemos os 50 anos de carreira de Antonio Gringo! É preciso reconhecer a importância deste homem que que exerce em toda sua carreira tem sido um legítimo militante da bandeira da cultura riogranense, brasileira e latino americana. Ele que, ao longo destas 5 décadas de canto e luta fez de suas palavras sementes de sonhos e do seu violão um legítimo saraquá do esperançar.

Apresentação na 22ª Jornada Brasileira de Agroecologia / Foto: Arquivo

 

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