INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO
PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO
Produção e apresentação: Frei João Osmar
501º programa: 23 de março de 2023:
1- Resenha: Hoje vamos continuar falando sobre o Dia Internacional da Mulher, com destaque para o Dia Mundial da Água celebrado em 22 de março, nesta semana, portanto. Na segunda parte do programa ouviremos o testemunho de Rosiele, do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA no RS, sobre a luta e as conquistas das mulheres camponesas nos últimos tempos. Aqui seguimos a reflexão de Mayara Ingrid Sousa Lima, Bióloga e Professora do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão; Franciscana na Ordem Franciscana Secular, publicado no site franciscanos.org.br, sob a responsabilidade do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação – JPIC. Você poderá acessar o link com o material na íntegra aqui: https://franciscanos.org.br/vidacrista/agua-nao-e-mercadoria-mas-fonte-de-vida/#gsc.tab=0
Água não é mercadoria, mas fonte de Vida!
Observando as realidades (Ver):
Não é à toa que Guilherme Arantes canta “Terra, planeta água”, afinal, em todo o extrato superficial, a água representa 70% da superfície terrestre. Na verdade, nós somos água, pois biologicamente um bebê de 0 a 2 anos possui de 75 a 80% de água no corpo, sendo esse elemento essencial para vida humana, toda criação e na manutenção da casa comum. Mas, mesmo a água sendo um bem comum tão importante, estima-se que cerca de 3 em cada 10 pessoas em todo mundo, ou 2,1 bilhões de pessoas, não tem acesso a água potável e disponíveis em casa, e 6 em cada 10 pessoas, ou 4,4 bilhões de pessoas, não tem acesso a saneamento gerido de forma segura, conforme aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o UNICEF. Muitos fatores corroboram para esse contexto, como ausência de políticas públicas regionais, nacionais e internacionais que favoreçam o acesso a água potável; a aceleração de um modelo econômico predatório, por exemplo, a agricultura no modelo de agronegócio baseado em monoculturas extensivistas, é a atividade que mais utiliza água em todo o mundo, totalizando um montante de 70%, em média, de toda a água consumida no planeta, em um cenário onde quase metade de toda a água empregada é desperdiçada; a contaminação dos corpos d’água superficiais e subterrâneos, como por exemplo, os danos diretos causados pela atividade mineradora, atividade que consome volumes extraordinários de água e gera uma série de impactos como o aumento da turbidez e consequente variação na qualidade da água, alteração do pH da água, tornando-a ácida, derrame de óleos e metais pesados (altamente tóxicos, com sérios danos aos seres vivos), redução do oxigênio nos ecossistemas aquáticos e assoreamento de rios; e claro, não podemos esquecer as políticas de privatização da água, em pequena e grande escala, que afeta principalmente as populações mais pobres, sem disponibilidade financeira para pagar por esse recurso, que deveria ser um bem comum!!
Iluminando nossa caminhada (Julgar):
Na mística do Cristianismo água é fonte de vida, recordamos que toda a criação do mundo começou com as águas: “A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas” (Gênesis 1,2) e era através da distribuição das águas que o israelita via a ação benéfica e justiceira de Deus. Francisco de Assis, lavando as mãos num riacho, escolhia o lugar para não ser forçado a pisar na água, esta irmã “mui útil e humilde e preciosa e casta” (CantS 7; LegPer 51). Mais recentemente a Encíclica Laudato Si atualiza e apresenta concretamente, “o acesso à água potável e segura como um direito humano essencial, fundamental e universal…” e ainda nos recorda que “este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável” (LS, 30). Por isso, Papa Francisco exalta que “a defesa da terra, a defesa da água, é a defesa da vida”!
Vamos construir, caminhando (Agir):
Por tudo isso, é urgente e necessário repensar novas formas de cuidado e acesso à água. Precisamos rever, de imediato, nosso modelo e forma de vida nesse planeta água, especialmente apresentando, em todos os níveis, das nossas pequenas comunidades até a esfera macro, modelos econômicos alternativos, pautados na economia solidária, justa e que promova equidade de acesso, inclusive a esse direito básico! E cada um de nós pode contribuir nesse processo, com iniciativas individuais, repensando o desperdício de água e promovendo estratégias de reutilização desse recurso. Entretanto, precisamos ter consciência que somente essas iniciativas pessoais, de longe, não são suficientes, considerando que precisamos pensar coletivamente! Nesse momento, a participação efetiva em organizações e movimentos nacionais e internacionais, que pautam alternativas ao modelo socioeconômico atual é fundamentalmente importante e necessário, bem como articulações locais e regionais, que incluem os conselhos municipais (com participação da sociedade civil) dos serviços de água e saneamento básico; as articulações para discussões dos planos de gestão municipais; e todas as iniciativas corajosas da Igreja Católica, de maneira particular das(os) franciscanas e franciscanos articulados no Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação, pois Água não é mercadoria, mas fonte de Vida!
2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos ouvir o testemunho de Rosiele Ludptk que é, juntamente com seu companheiro Tuté, proprietária do Sítio “Recanto Fonte da Vida” localizado na Linha da Fonte, município de Paraíso do Sul, na Região Central do RS. A Rosiele nasceu em 1977 e mora até os dias de hoje neste mesmo município. Apresenta-se como camponesa e é Mestre em Agroecologia. Há alguns anos o casal cultiva o Sítio de sua propriedade de maneira orgânica e auto sustentada. No testemunho de hoje ela nos fala dos desafios da produção Orgânica, com o entorno contaminado pelo uso abusivo de venenos e outros produtos químicos na agricultura empresarial. Mesmo com dificuldades, é possível produzir de forma natural sem uso de produtos químicos. Aí temos outros desafios como conseguir a certificação dos produtos e onde poder vender os mesmos. Mas com a persistência das famílias e o apoio das entidades parceiras é possível superar obstáculos e produzir alimentos saudáveis para si e para a sociedade. 3- Música: Água da Chuva, do artista popular da Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, o Gogó; 4- Fotos: Da internet: Rosiele Ludtke
