Revista de Rádio Nº556 - 11 de abril de 2024



Bloco 1:

Bloco 2:

INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO 

PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO

Produção e apresentação: Frei João Osmar

556º programa: 11 de abril de 2024:

1- Resenha: Hoje vamos continuar tratando sobre o 12º Encontro Nacional de Fé e Política do Brasil realizado nos dias 5,6 e 7 de abril em Belo Horizonte, MG na modalidade presencial, organizado pelo Movimento Nacional Fé e Política. Com o tema “Espiritualidade Libertadora: encantar a política com arte, cultura e democracia”. Em junho de 1989, no Rio de Janeiro, iniciou o movimento Fé e Política, durante um encontro de pessoas unidas pela fé cristã e envolvidas em movimentos sociais, partidos políticos e cargos públicos. O movimento busca enriquecer a dimensão ética e espiritual que deve inspirar a atividade política. Com o passar do tempo, o movimento expandiu-se para abranger reflexões ecumênicas e diálogo inter-religioso. Segue o artigo escrito por padre Dário Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sócio Transformadora da CNBB que foi publicado no site da CNBB, confira no link abaixo:

Fé e Política: intuições e compromissos do 12° Encontro Nacional – Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (cepastcnbb.org.br)

 Muitos cristãos resistem e criticam, quando veem associadas as palavras fé e política. Ainda há uma postura de desconfiança e rejeição à política, entendida de forma redutiva como jogo de poder na disputa entre partidos, frequentemente corruptos. O Papa Francisco tenta reconquistar os corações dos fiéis, escrevendo sobre “a política melhor” (Fratelli Tutti, n. 154), construída na participação dos poetas e das poetisas sociais, que sonham e constroem uma cidadania inclusiva, inspirada na justiça e no cuidado da Casa Comum. Em paralelo, no mundo inteiro, o oportunismo populista compreendeu que a religião é um dos veículos mais eficazes para disputar a alma das pessoas, contaminá-las de medo e oferecer a elas a segurança e o rigor de posições fundamentalistas e intolerantes. Neste caso, associar fé e política não só é legítimo, mas também necessário, para controlar o poder.

Desde 1989, o Movimento Nacional de Fé e Política no Brasil acredita na dimensão política intrínseca aos Evangelhos e na práxis transformadora do exemplo de vida de Jesus Cristo. É neste espírito que convocou em Belo Horizonte, de 5 a 7 de abril de 2024, o 12º Encontro Nacional de Fé e Política, com participação de cerca de duas mil pessoas, de todos os cantos do Brasil. Foi uma festa de reencontros, um entrelaçamento de partilhas e projetos, uma celebração da resistência e da esperança. “A esperança tem duas irmãs mais novas: a indignação e a coragem”, comentava Santo Agostinho. Ao retomar estas palavras, Leonardo Boff convidou todas e todos os participantes a não apagar a indignação, não se deixar resignar pelo torpor da acomodação, e assumirem a coragem da transformação. Cada vez mais urgente, devido à crise climática, ambiental, social e ética que estamos atravessando, neste tempo de colapso de um sistema capitalista que mata, exclui e discrimina. Uma espiritualidade libertadora tem a força de “Encantar a Política com Arte, Cultura e Democracia”, como dizia o lema do encontro. A espiritualidade, de fato, esteve à base dos três dias, numa dimensão ecumênica e inter-religiosa, com o protagonismo das mulheres, a presença viva das igrejas-irmãs protestantes, das religiões afro e dos povos originários.
“Espiritualidade é o jeito de ser de nossos corpos. Únicos, coletivos, integrados (porque somos corpos também junto às plantas e aos bichos). Atravessados pelas dores e a abundância da festa. Corpos que não cabem em si, que buscam sempre se superar, em transcendência” – comentou a pastora luterana Luzmarina Campos Garcia. Corpos que buscam se relacionar com o “Pai-Nosso”, que é também nossa Mãe, enquanto conseguem repartir o “Pão Nosso”, a cada dia – acrescentou Frei Betto. Assim, em busca de traduzir a espiritualidade em práticas de justiça e misericórdia, celebrando o Domingo da Divina Misericórdia, a plenária dividiu-se em grupos temáticos de estudo, partilha e compromisso. Foram aprofundados diversos temas, como educação popular, bem viver e decrescimento, eleições municipais, cultura popular, capitalismo de rapina e emergência climática, opção pelos pobres em Jesus e na Igreja, combate ao racismo, promoção da paz, arte para a transformação cultural.
A arte, de fato, teve um papel preponderante, inspirador: “ela é irreverente, ela põe a alma do povo para dançar” – arrematou Zé Vicente. O 12º Encontro realizou-se no tempo de Páscoa e uma luz de vela brilhou o tempo inteiro, na frente do palco, a nos lembrar a Ressurreição de Cristo, que é de certa forma a insurreição de todas as forças inconformadas que rolam as pedras dos sepulcros, atravessam as portas fechadas, empurram a Igreja para sair de si. Saímos todas e todos do Encontro com compromissos e muito trabalho, porque a práxis libertadora exige também disciplina e organização. Os passos mais urgentes são o percurso formativo “Encantar a política” e a ação coletiva “Mutirão pela Democracia”, em vista das eleições municipais deste ano. Um instrumento de formação belo e instigante é a Revista Casa Comum, disponível tanto online como em formato impresso, para quem queira solicitar. Sim, é esta a “política melhor”: aquela que sonha, não se deixa sufocar por interesses mesquinhos, conquista corações e nos coloca, hoje e sempre, no movimento da ressurreição dos corpos, humanos, sociais e coletivos!

2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos ouvir o testemunho de Paulo Adolfo Simões que é padre há 26 anos na Arquidiocese de Pouso Alegre, no extremo sul do estado de Minas Gerais, região de onde é natural e que hoje exerce o seu ministério pastoral. É o filho mais velho de uma família de nove irmãos, onde recebeu os primeiros ensinamentos sobre a fé cristã. Participou da PJ, das CEBs, das pastorais Sociais. É formado em Filosofia e Teologia, também tem uma Especialização em Docência e Pós graduação em Fé e Política. Exerceu diversas funções pastorais em sua Arquidiocese, bem como em outras regiões do Brasil, dentre elas em Brasília onde foi Secretário Executivo do CEFEP. Participou do 12º Encontro Nacional de Fé e Política em BH no início deste mês.

3- Música: Pelos Caminhos da América;

4- Fotos: Da internet – Pe. Paulo Adolfo em atividades: