Revista de Rádio Nº555 - 04 de abril de 2024



Bloco 1:

Bloco 2:

INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO 

PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO

Produção e apresentação: Frei João Osmar

555º programa: 04 de abril de 2024:

1- Resenha: Hoje vamos tratar sobre o Encontro Nacional das Escolas de Fé e Política do Brasil que será realizado nos dias 26,27 e 28 de abril em Brasília, DF na modalidade presencial, organizado pelo Centro de Estudos sobre Fé e Política Dom Helder Câmara – CEFEP. Do RS iremos entre 5 pessoas, dentre elas representante das Escolas na linha da Fé e Política em funcionamento no Estado, da Articulação das mesmas e das pessoas representantes do CEFEP no RS. Também vamos falar do 12º Encontro Nacional do Movimento Nacional de Fé e Política que acontece nesse final de semana em Belo Horizonte, MG.

A seguir o link para acesso à Cartilha de Formação do Movimento Nacional de Fé e Política e um resumo da mesma.

Cartilha Fe e Politica – MNFP – final revisado sug ines (fepolitica.org.br)

Muitas pessoas têm procurado o Movimento Nacional Fé e Política para pedir informações sobre como fundar novos grupos nos diversos municípios.  Ficamos muito felizes, pois esta procura demonstrar que milhares de pessoas, a partir da Fé, corajosamente estão na luta cotidiana pela transformação da sociedade. Acreditamos na organização de base e que a reflexão conjunta da realidade nos grupos de Fé e Política, especialmente com o método Ver, Julgar, Agir e Celebrar* proporciona mais entendimento, força e energia na construção do Reino de Deus a partir do agora. Os grupos de Fé e Política que fazem parte do Movimento Nacional são ecumênicos, não confessionais, não partidários e podem se organizar de acordo com seus componentes, mas sem fugir aos princípios da carta de fundação, que demonstra o compromisso com a construção de uma nova sociedade.  Este subsídio apresenta algumas reflexões, informações e caminhos para a criação dos grupos de Fé e Política, que desejamos ver ampliados por todo o Brasil. Um forte abraço, Coordenação Nacional do Movimento Fé e Política 

*O Método Ver, Julgar e Agir foi pensado pelo sacerdote Joseph Cardijn, criador da Juventude Operária Católica (JOC) e contribuiu na formação de muitos jovens operários nos primeiros anos do século XX em diversos países. De forma resumida podemos dizer que o método propõe que a ação seja concretizada a partir do ver e entender a realidade que vivemos e julgamento baseado em uma reflexão bíblica. Os três passos, que hoje também acrescentamos o celebrar, são importantíssimos para a nossa vivência em grupo, fortalecimento de nossa fé e atuação nos movimentos para a transformação sociedade. Hoje este é o método mais utilizado pela CNBB para os seus trabalhos pastorais. Veja nos links das referências, mais indicações sobre o assunto.

 Carta de Princípios do Movimento Fé e Política

 Existem no Brasil inúmeros grupos de pessoas que, inspiradas na mensagem evangélica, atuam em movimentos populares, sindicatos, partidos políticos e outros espaços de organização social. Algumas dessas pessoas se reúnem em grupos informais de reflexão, celebração e aprofundamento. A maioria, porém, se sente isolada e necessita de meios de reflexão para a sua prática. É nesse contexto que atua o Movimento Fé e Política. O Movimento Fé e Política é ecumênico, não confessional e não partidário. Está aberto a todas as pessoas que consideram a política uma dimensão fundamental da vivência de sua fé, e a fé, o horizonte de sua utopia política. Voltado para a construção de uma sociedade alternativa ao capitalismo neoliberal, o Movimento tem por objetivo fomentar a reflexão política, a vida espiritual e a subjetividade daqueles que estão comprometidos com uma prática política e social. Os participantes do Movimento Fé e Política atuam em movimentos sociais, organizações populares ou partidos políticos; assumem a causa dos pobres, dos oprimidos e dos excluídos; conferem prioridade à conscientização e organização popular; recusam a manipulação das bases; afirmam as classes populares como principal sujeito da própria história; rejeitam todos os valores calcados no individualismo e na absolutização do mercado e reafirmam, como valores fundamentais para o ser humano, a solidariedade, a cooperação e o direito de todos à vida em plenitude. Comprometem-se com o exercício da cidadania ativa e a construção de uma sociedade socialista, democrática, plural e planetária. O Movimento Fé e Política pretende ser um serviço de formação e informação sobre questões de política, cultura, ecologia, ética e espiritualidade. Ele pretende reforçar e estimular a experiência dos grupos de reflexão, celebração e aprofundamento. Itatiaia/RJ, 03 de outubro de 1999. vigília da Festa de São Francisco

  Conhecendo O Movimento Nacional Fé e Política Quem atua na política, seja nos movimentos sociais, na política partidária ou nas pastorais sociais com a verdadeira intenção de transformar, sabe bem dos desafios que encontra e os percalços que enfrenta. O Movimento Fé e Política surgiu para ser espaço de reflexão, formação e apoio mútuo. É a fé que anima a ação das pessoas de e na caminhada.

 Já nesse primeiro encontro, uma Carta de Princípios marcou a identidade do Movimento como “ecumênico, não confessional e não partidário, aberto a todas as pessoas que consideram a política uma dimensão fundamental da vivência de sua fé, e a fé o horizonte de sua utopia política”. Após dez anos, em Itatiaia, no Sul do Estado do Rio, em plena primavera e véspera da festa de São Francisco, a carta de princípios foi ampliada para ser um movimento mais amplo de defesa de uma sociedade democrática, socialista, ecológica e planetária.  Deixar-se animar pelo Espírito de vida é a essência do Movimento Fé e Política, que não propõe diretrizes para a ação política dos cristãos, nem se comporta como se fosse uma tendência político-partidária, mas luta pela superação do capitalismo por meio da construção de um sistema socioeconômico solidário e respeitoso à vida do Planeta. Ao longo de sua existência, o MF&P promoveu encontros de estudo, dias de espiritualidade e publicou quinze Cadernos de Fé e Política. Dez anos após sua criação, atento à nova conjuntura dos movimentos sociais, o Movimento passou a promover grandes Encontros Nacionais de Fé e Política.

 Por definir-se como um serviço de formação e estímulo a grupos de reflexão, o Movimento Nacional de Fé e Política não é mais do que um grupo informal de serviço aos grupos de base. Sua organização é muito simples, pois, com exceção da secretaria-executiva – que recebe uma ajuda de custo – todos os seus membros são voluntários que arcam até com os próprios gastos de viagem para as reuniões. Sua coordenação geral foi formada por seis membros escolhidos entre os antigos militantes, mais dois representantes de cada estado dos locais onde foram realizados encontros nacionais. Em fevereiro de 2020, em Manguinhos (Vitória/ES), foi realizado um seminário da coordenação com um grupo de pessoas convidadas para fazer uma avaliação e

revisão da caminhada do Movimento. Considerando a conjuntura e os apelos da realidade, foi formada uma coordenação ampliada, composta por 40 pessoas, e uma coordenação executiva, com 8 a 10 pessoas. Durante o ano de 2020, de forma virtual por causa da pandemia, foi realizado um planejamento estratégico com a coordenação ampliada e foram criados grupos de estudo que resultaram em comissões de trabalho. A secretaria-executiva é encarregada de acompanhar as comissões de trabalho, ajudar a equipe do local onde serão realizados os encontros, produzir e publicar textos que ajudem a reflexão dos grupos, alimentar a página do Movimento na internet e fazer a articulação geral entre os grupos interessados. Mas, onde tudo acontece, de fato, é nos grupos de base. O Movimento apenas lhes proporciona incentivos e ideias.

 Por que criar grupos de Fé e Política

Os tempos estão muito difíceis: ódio e intolerância por todo lado. Fome, miséria e desemprego, desigualdade econômica e social explodindo, e a uma crise ambiental altamente preocupante, além disso vivemos recentemente uma pandemia devastadora. É fundamental organizar-se para enfrentar e superar este período. Duas figuras em especial, com suas palavras e exemplos, ajudam a iluminar e aquecer corações e mentes: Paulo Freire e o Papa Francisco. Paulo Freire, cujo centenário foi celebrado em 2021, escreveu sobre a “Educação Política”, em Os Cristãos e a Libertação dos Oprimidos, publicado em 1978: Nesse sentido, a conscientização, associada ou não ao processo de alfabetização (pouco importa), não pode ser um ‘bla-bla-bla’ alienante, o que implica, necessariamente, um compromisso político. Não existe conscientização se a prática não nos leva à ação consciente dos oprimidos como classe social explorada na luta pela sua libertação. No mesmo livro, em “A Igreja Profética”, reflete Paulo Freire (1978), assumindo-se como educador popular cristão: Cristo não foi conservador. Como ele, a Igreja profética tem que desatar a andar, pôr-se constantemente a caminho, morrendo para um contínuo renascer. Para ser, tem que estar sendo. Por isso, não há profetismo sem assumir a existência como tensão dramática entre o passado e o futuro, entre ficar e partir, entre falar e o silêncio castrador, entre ser e não ser. Não há profetismo sem risco. A teologia do assim chamado ‘desenvolvimento’ cede lugar à Teologia da Libertação: profética, utópica e esperançosa. Evidentemente que, numa linha profética, a educação se instauraria como método de ação transformadora. Como ação política a serviço da permanente libertação dos homens que não se realiza, insistimos, unicamente nas suas consciências, mas na radical transformação das estruturas, em cujo processo se transformam as consciências.

 Diz o Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti: Envolver-se na política é uma obrigação para os cristãos. Nós, cristãs e cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Devemos nos envolver na política porque a política é uma das formas mais elevadas de caridade, porque ela procura o bem comum. A política é um compromisso de humanidade e santidade. Na política há também lugar para amar com ternura. Em que consiste a ternura? No amor, que se torna próximo e concreto. É um movimento que brota do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos. A ternura é o caminho que percorreram os homens e as mulheres mais corajosos e fortes. Profetiza ainda o Papa Francisco: Política é caridade. Trata-se de avançar para uma ordem social e política, cuja alma seja a caridade social. Convido mais uma vez a revalorizar a política, que é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum. À luz de Paulo Freire e do Papa Francisco, os militantes da fé e da política, nas urgências da conjuntura e dos tempos presentes, precisam formar grupos de reflexão sobre fé e política. Estes grupos de reflexão podem ser construídos na base das comunidades, ou por categorias profissionais, por local de trabalho, por laços culturais, ou da forma como seus participantes assim o decidirem e acharem melhor. É preciso se encontrar para dialogar freireanamente. Para fortalecer esses encontros para o diálogo, foi criada a Rede Nacional Fé e Política, composta por doze entidades, entre elas o Movimento Nacional Fé e Política; o Centro Fé e Política D. Helder Câmara; o Núcleo de Estudos Sociopolíticos PUC/Minas; o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular, o Instituto Solidare e o Conselho Nacional do Laicato do Brasil. A Rede nacional vai articular-se por meio de encontros, retiros, presencialmente, quando possível, e/ou através das redes sociais.

 Como Criar Grupos de Fé e Política?

O Movimento Nacional Fé e Política já nasceu como um grupo de militantes, que a partir de sua fé se engajaram na luta política, quer seja nos movimentos populares por melhores condições de vida, quer seja nos sindicatos e nos partidos políticos. Muitos vinham das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs onde tinham um papel protagonista, mas já não encontravam espaço ali para refletir sobre sua militância política; outros chegaram a ser afastados dos ministérios, porque se candidataram. Surgem, então, de maneira informal, vários grupos nas CEBs, nas pastorais sociais, nos círculos bíblicos e em outros espaços e começam a discutir sobre a política no sentido mais amplo, inclusive sobre a filiação partidária. A partir de suas realidades locais, reúnem-se com diferentes denominações: grupo de acompanhamento do legislativo municipal/estadual, grupos de fé e política, grupos de fé e vida, de conselhos e de movimentos sociais, grupos que se formam a partir das escolas de fé e política, de ação política partidária, entre outros. Enfim, grupos de pessoas que consideram o compromisso social como parte constitutiva de sua espiritualidade. Hoje, mais do que nunca, precisamos reforçar a necessidade de se criar grupos, para que juntos sejamos fortalecidos por uma espiritualidade libertadora, que nos faça cada vez mais comprometidos com uma política a serviço da vida e das transformações sociais. ●             Liste algumas pessoas de fé que entendem a militância política como instrumento de transformação da sociedade. Lembre-se de que não é necessário que sejam da mesma religião nem de um partido específico. O importante é que elas considerem a “política uma dimensão fundamental da vivência de sua fé e a Fé como horizonte utópico da política”. Em outras palavras: que sejam pessoas que queiram a partir da sua fé refletir a sua ação política. ●             Converse com essas pessoas sobre a importância da criação de grupos de Fé e Política e se aceitam participar do grupo. ●             Marque uma data e um horário que seja melhor para a maioria das pessoas para fazer o primeiro encontro. ●             É sempre bom convidar mais alguém para ajudar a preparar o primeiro encontro, que deve ser alegre, participativo, ter momentos de oração, reflexão e encaminhamentos de ações.

2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos ouvir o testemunho de Graziela Marafiga Kaus. Ela nasceu no ano de 1984 em uma comunidade rural do interior do município de São Pedro do Sul, na Região Central do RS. Grazi é casada e tem duas filhas. É formada em Geografia, sendo professora na Rede municipal de Ensino de seu município. Participa do Movimento Brasileiro de Educadores Cristãos MOBREC, fez o Curso de Fé e Política na Escola Cristã de Educação Política – ECEP. Atualmente ela é vereadora em seu município de origem. Grazi foi escolhida para representar as Escolas de Fé e Política do RS no Encontro Nacional que será realizado de 26 a 28/04 em Brasília. Trata-se de um belo testemunho de uma jovem mulher que dedica a sua vida na luta por uma sociedade justa e fraterna, sempre procurando fazer a ligação entre a Fé e a Política.

3- Música: Semeadura, com Vitor Ramil;

4- Fotos: Da internet – Grazi em atividades: