Revista de Rádio Nº535 - 16 de novembro de 2023
Bloco 1:
Bloco 2:
INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO
PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO
Produção e apresentação: Frei João Osmar
535º programa: 16 de novembro de 2023:
1- Resenha: Hoje vamos tratar sobre a violência contra a mulher seguindo o artigo de Denise Assis publicado no site do Brasil 247 nesta semana. Você pode acessar o material completo no link abaixo:
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que vem desenvolvendo pesquisa sobre o tema, sob o título: “Visível e Invisível: A vitimização de Mulheres no Brasil” (já na 4ª Edição – 2023), a violência contra a mulher não para de crescer. E só se torna visível quando as denúncias vêm de um nome famoso, como o da apresentadora Ana Hickman, que no último final de semana (sábado 11/11) tomou coragem e foi a uma delegacia, em Itu – interior de SP – denunciar o marido, Alexandre Correa, com quem é casada há 25 anos e tem um filho, de 10 anos. O caso foi registrado como lesão corporal e violência doméstica. Elas não sabem, mas sofrem a sua dor e as agressões, em silêncio, contribuem para que o fenômeno aumente e que outras tantas anônimas passem pelo mesmo drama. Falar é o melhor remédio, ainda que em uma sociedade machista isto tenha um preço a pagar: julgamentos da família, dos amigos dos grupos. Nada disso deveria ser levado em conta quando o risco é de vida. As estatísticas demonstram que invariavelmente as agressões resvalem para o ato fatal: o feminicídio.
De acordo com o levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 18,6 milhões de mulheres brasileiras foram vitimadas em 2022, o que equivale a três vezes a população da cidade do Rio de Janeiro, – cálculo do último censo: 6.211.423 pessoas. Em média, as mulheres que foram vítimas de violência relataram ter sofrido quatro agressões ao longo do ano, mas entre as divorciadas a média foi de nove vezes.
O levantamento trouxe também dados significativos sobre o aumento constante da prática das diferentes formas de violência: física, sexual e psicológica sofridas pelas brasileiras no ano passado. Em comparação com as edições anteriores, todas essas formas de violência contra a mulher apresentaram crescimento acentuado no ano passado. Segundo a pesquisa, 28,9% das brasileiras sofreram algum tipo de violência de gênero em 2022, a maior prevalência já verificada na série histórica, 4,5 pontos percentuais acima do resultado da pesquisa anterior. Em entrevista à Agência Brasil, sobre o trabalho, a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Amanda Lagreca, lamentou: “Todos os dados da pesquisa são realmente bem tristes, mas, quando olhamos para as violências sofridas pelas mulheres no Brasil, comparado com as pesquisas que a gente fez anteriormente, todas as modalidades de violência foram acentuadas nesse último ano. Então as mulheres estão sofrendo cada vez mais violência. Há aumento de 4 pontos percentuais sobre as mulheres que sofreram algum tipo de violência ou agressão no último ano, comparado com a pesquisa anterior. Esse é um dado que choca bastante.” A pesquisa ouviu 2.017 pessoas, entre homens e mulheres, em 126 municípios brasileiros, no período de 9 a 13 de janeiro de 2023, e foi realizada pelo Instituto Datafolha e com apoio da Uber.
Também em entrevista para a Agência Brasil, (à jornalista Juliana Andrade), a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, disse que os dados de feminicídios e homicídios dolosos de mulheres do ano de 2022 ainda não estão disponíveis, mas ela prevê que o crescimento agudo de formas graves de violência física, que podem resultar, sim, em morte a qualquer momento, é um sinal, considera. “Não será surpresa se nos depararmos com o crescimento de ambas as modalidades de violência letal contra as mulheres. Infelizmente, o Brasil ficou mais inseguro para todos nós.” Sem dúvida. Um dado é particularmente assustador. A pesquisa mostrou que a cada minuto 14 mulheres foram agredidas com tapas, socos e pontapés, no ano passado, o que representa 11,6% num universo de 2.017 pessoas entrevistadas. Em número exato são 7,4 milhões de brasileiras. Uma novidade é o crescimento das denúncias. Tal como fez Ana Hickman, o número de vítimas que foi até uma Delegacia da Mulher prestar queixa aumentou em relação a 2021, passando de 11,8% para 14% em 2022. Outras formas de denúncia foram: ligar para a Polícia Militar (4,8%), fazer um registro eletrônico (1,7%) ou entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher pelo Disque 180 (1,6%). Entre as outras formas de violência citadas, as mais frequentes foram as ofensas verbais (23,1%), perseguição (13,5%), ameaças de violências físicas (12,4%), ofensas sexuais (9%), espancamento ou tentativa de estrangulamento (5,4%), ameaça com faca ou arma de fogo (5,1%), lesão provocada por algum objeto que foi atirado nelas (4,2%) e esfaqueamento ou tiro (1,6%).
A pesquisa apresentou um dado inédito: uma em cada três brasileiras com mais de 16 anos sofreu violência física e sexual provocada por parceiro íntimo ao longo da vida. São mais de 21,5 milhões de mulheres vítimas de violência física ou sexual por parte de parceiros íntimos ou ex-companheiros, representando 33,4% da população feminina do país. Se considerado os casos de violência psicológica, 43% das mulheres brasileiras já foram vítimas do parceiro íntimo. Mulheres negras, de baixa escolaridade, com filhos e divorciadas são as principais vítimas, revelou a pesquisa. A perda de “poder” sobre a vida dessas mulheres é um dos sentimentos que podem levá-los a reagir com violência. Pela primeira vez, o estudo apontou o ex-companheiro como o principal autor da violência (31,3%), seguido pelo atual parceiro íntimo (26,7%). Ainda conforme a interpretação da pesquisadora Amanda Lagreca, “quando a gente olha esse dado de 33,4%, comparado com média global da Organização Mundial da Saúde, de 27%, o que estamos vendo é que no Brasil esse número é mais elevado do que o número um estimado pela OMS”, lamenta.
Outro dado que causa perplexidade é saber que o autor da violência é conhecido da vítima na maior parte dos casos (73,7%), o que nos lava a concluir que o lugar menos seguro para as mulheres é a própria casa. Não por acaso, 53,8% das vítimas relataram que o episódio mais grave de agressão dos últimos 12 meses aconteceu dentro de casa. Esse número é maior do que o registrado na edição de 2021 da pesquisa (48,8%), que abrangeu o auge do isolamento social durante a pandemia de covid-19. Os episódios de violências também transbordam para a rua (17,6%), o ambiente de trabalho (4,7%) e os bares ou baladas (3,7%). Sobre a reação à violência, a maioria (45%) das mulheres disse que não fez nada. Em pesquisas anteriores, em 2017 e 2019, esse número foi de 52%. Em nota publicada nas redes sociais, Alexandre Corrêa admitiu o desentendimento, disse que ele não teve maiores consequências e reforçou ter sempre tratado a apresentadora “com zelo e respeito”, mas apagou todos os posts. O episódio, segundo a apresentadora, foi presenciado por duas de suas funcionárias e tudo se passou na presença do filho do casal.
2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos ouvir o testemunho de Luiz Valério que nasceu em São Paulo, SP, sendo filho de pais gaúchos, morou em várias regiões do Brasil, mas ainda muito jovem voltou para Santa Maria, RS onde cresceu e fez seus estudos. É especialista em Educação à Distância e em Jornalismo pela UFSM, onde trabalha profissionalmente. É membro da Ordem Franciscana Secular – OFS, desde a sua juventude, quando participava da Juventude Franciscana – JUFRA. Atualmente é membro da Direção da OFS ao nível estadual. Pesquisa e atua na área da Ecologia com ações e defesa da Casa Comum. 3- Música: Lírios e Abelhas, com Miro Saldanha;
4- Fotos: Da internet – Luiz Valério OFS/JUFRA RS: