Revista de Rádio Nº532 - 26 de outubro de 2023
Bloco 1:
Bloco 2:
INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO
PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO
Produção e apresentação: Frei João Osmar
532º programa: 26 de outubro de 2023:
1- Resenha: Hoje vamos continuar tratando sobre a guerra na Faixa de Gaza entre o Hamas e Israel. Sigo aqui no site do IHU – UNISINOS. Você pode acessar o material completo no link abaixo: Conflito Israel-Hamas é um trauma para gerações. Entrevista especial com Dawisson Belém Lopes – Instituto Humanitas Unisinos – IHU
Confira a entrevista.
IHU – Como analisa a conjuntura internacional neste momento? Dawisson Belém Lopes – Temos vividos dias duros e difíceis. Todos que se ocupam das relações internacionais profissionalmente têm dormido pouco, têm estado absorvidos pela temática do conflito entre Israel e Hamas; tem sido dias que exigem muito de nós. Todos nós estamos operando no limite da capacidade, buscando digerir tantos fatos e versões. Uma carga grande de sentimentos está envolvida na compreensão desse conflito internacional. O conflito é o que captura as manchetes neste momento e é o que acaba chamando a atenção para as relações internacionais, mas, seguramente, ele se insere em um quadro mais amplo, complexo e que traz crises em profusão. Esse quadro exige de nós uma capacidade analítica que é impossível que nós, meros seres humanos, tenhamos. O que quero dizer é que dar conta analiticamente de tudo que está acontecendo ao mesmo tempo é uma missão para a inteligência coletiva. Não há um indivíduo que dê conta do que tem acontecido ao mesmo tempo com o mundo. Externo minhas condolências às comunidades mais diretamente afetadas neste conflito: judeus, árabes e muçulmanos. Existem muitas pessoas sofrendo com tudo o que se passa neste momento. Evidentemente, isto está muito além de qualquer exercício que podemos fazer de geopolítica. Neste momento, é necessário manifestar solidariedade e exercitar esse tipo de empatia, e entender que há muito sofrimento, particularmente para as comunidades que estão implicadas no conflito em curso. E não apenas: é importante entender que este tipo de contexto, que envolve sofrimento humano, precisa ser tratado a partir de uma vertente humanista. Isto é, quero dizer que a despeito da carga emocional muito pesada que se impõe sobre todos nós, este também é um tempo fértil para a reflexão, é um momento que nos permite amadurecer certas ideias que já vinham povoando o imaginário, mas que, ao longo dos últimos dias, ganharam uma materialidade bastante própria. Os últimos dias mostraram certas tendências para o mundo que ainda estavam encapsuladas ou embrionárias. Hoje elas se mostram mais evidentes. As tendências da geopolítica mundial se fizeram ainda mais claras em virtude dos eventos das últimas duas semanas. Houve uma aceleração do tempo. Essas duas semanas me fizeram lembrar uma frase: “Há décadas em que nada acontece. Mas há semanas em que décadas acontecem”. É um pouco isso que estamos vivendo.
Anos 20: No século XX, a historiografia brasileira – e ocidental de modo geral – se refere aos anos 1920 como os loucos anos 20 em função da enorme transformação pela qual passávamos à época nos campos das artes, da cultura, da política, da economia e das relações internacionais. Eram tempos desafiadores. Um século depois não seria exagerado tomar de empréstimo este epíteto: os loucos anos 20 voltaram.
IHU – Qual o papel das potências emergentes na reconfiguração geopolítica global? Dawisson Belém Lopes – Vou me debruçar sobre alguns dos momentos mais críticos e dramáticos dos loucos anos 20 do século XXI, em três macroepisódios, para desenvolver o argumento sobre o papel das potências emergentes na reconfiguração geopolítica global e responder à questão sobre como as potências emergentes têm o seu papel reconhecido e modificado na atualidade. Estes três macroeventos são a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas.As potências emergentes nunca tiveram enorme centralidade no debate acadêmico das relações internacionais. Fiz o exercício, ao longo dos últimos dias, de revistar alguns clássicos do pensamento ocidental em Relações Internacionais. Diria que eles são um pouco conformadores deste campo disciplinar no Brasil e em boa parte do mundo ocidental. São eles, o livro de Hedley Bull, The Anarchical Society, de 1977, o livro que vem na sequência, Theory of International Politics, de Kenneth Waltz, e, finalmente, nos anos 1980, After Hegemony, de Robert Keohane. Ao fazer esse itinerário de volta a obras clássicas da disciplina de Relações Internacionais na academia, pude me dar conta de algumas coisas. Geralmente, lemos os clássicos durante a graduação, mas a verdade é que, ao longo da vida, quando envelhecemos, essas leituras ganham outra conotação e densidade. Nos damos conta de aspectos que não estavam tão evidentes aos 20 anos de idade. O que fica muito claro no cânone da literatura canônica de Relações Internacionais é a forma como se teoriza a respeito do mundo, baseada no comportamento das grandes potências. É claro que existem um componente etnocêntrico indisfarçável e uma leitura centrada na Europa e no sistema eurocêntrico. É um vício que permanece, mas, para além disso, quero ressaltar a ênfase em grandes potências e a história contada a partir dos países que detêm capacidades materiais abundantes. A versão da história que conhecemos é a das grandes potências, dos países que dominam a cena internacional, a partir das noções: “polo de poder” e “potência”. Esse rótulo é atribuído pela aferição das capacidades físicas e materiais [dos países]. As narrativas fundamentais para estruturar o campo disciplinar de Relações Internacionais não foge a essa regra. São leituras baseadas sobretudo na ótica dos países que detêm muitos recursos. Waltz diz, de forma frontal, que não faz sentido pensar um sistema internacional que não seja pela ótica das potências, dos polos de poder. Isso aparece também em Bull, que atribui às grandes potências a condição de serem instituições secundárias que acabam estruturando o campo internacional. O jogo das grandes potências é, por si só, o elemento explicativo para as dinâmicas internacionais.
Potências emergentes: Estou resgatando esse traço do cânone literário das relações internacionais porque os loucos anos 20 do século XXI parecem desafiar este tipo de mirada centrada no comportamento das grandes potências. Há, aparentemente, uma perspectiva que está sendo consolidada enquanto conversamos aqui, que vai sendo elaborada e ganha cada vez mais consistência, coesão e lógica teórica por parte das potências emergentes dos países que, na atualidade, veem aumentar suas capacidades físicas, materiais e geopolíticas e, por isso, passam a desafiar certos consensos valorativos, institucionais, jurídicos. Esses países começam a reivindicar uma ordem internacional diferente, ligada a reformas nas organizações internacionais, nas leituras e entendimentos de mundo que são hegemônicos. Esse desafio acontece de uma maneira autoevidente nos três eventos que cito: a pandemia, a guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas. Essa perspectiva que vai se articulando por parte das potências emergentes é uma das grandes novidades do campo acadêmico de Política Internacional e Relações Internacionais. Estamos diante da possibilidade de uma nova safra de construtos conceituais, teóricos, que recentralizam as narrativas sobre o que pode e deve acontecer nos próximos anos. Essa seria minha aposta. Há essencialmente algo de novo.
IHU – Quais são as potências emergentes? Dawisson Belém Lopes – Quando trago a ideia de potências emergentes, eu não gostaria que se confundisse com a ideia de potência média genericamente. Potências médias há várias e de vários perfis: Austrália, Suécia, Canadá, Holanda, Coreia do Sul. São países de capacidades materiais medianas em uma escala imaginária. Mas são países também perfeitamente acomodados à ordem internacional que se configura a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Esse conjunto de países é acomodatício. Eles conseguiram encontrar seu lugar na ordem internacional e não querem revisar essa ordem de forma mais ou menos radical. As potências emergentes a que estou me referindo e que desafiam o consenso têm como elemento que as conecta o desejo de reforma baseado em valores morais, como maior justiça no campo internacional, uma tentativa de buscar maior igualdade na distribuição dos recursos, que é profundamente desigual no mundo. São essas potências que desafiam as compreensões da geopolítica global. Essas potências emergentes também têm muitas distinções entre si.
BRICS: O BRICS é um dos fóruns, uma materialização de potências emergentes. Esse grupo de países nasceu na primeira década do século XXI, de modo um tanto artificial, a partir de uma ideia ventilada por um banqueiro que fazia referência a economias emergentes. A conotação entre eles era muito evidente. À época, o que conectava Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul era a promessa de que aqueles mercados representavam uma promessa de prosperidade e crescimento econômico para o mundo. Daí nasce, por vias oblíquas, um grupamento político com conotações geopolíticas. Recentemente, no encontro realizado na África do Sul, o grupo passou por uma macroexpansão e mais que dobra de tamanho. Essa mudança passará a vigorar em 2024, mas já houve a deliberação para seis novos membros: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito, Etiópia, Argentina, Irã. Enfim, mudam a escala e a capacidade de articulação geopolítica, e muda também a capacidade de pressionar pela reforma das relações internacionais. O papel das potências emergentes na reconfiguração geopolítica global: Cito o BRICS para mostrar como o grupo de potências emergentes pode ser heterogêneo. Entre Brasil e Irã há pouca semelhança no modo de comportamento internacional. O Brasil é, em larga medida, uma potência internacional institucionalista, joga dentro das regras, conta com uma diplomacia institucional e tem sido um ator muito respeitador das regras ao longo dos dois últimos séculos. É diferente do Irã, por exemplo, que é um ator que não se comove com a institucionalidade vigente. O Irã desrespeita certos protocolos e convenções no seu modo de ação internacional. Tem sido um ator que desafia as regras. Isso é evidente ao longo das últimas décadas e leva ao país o pesado ônus de arcar com sanções, embargos e hostilização por boa parte da comunidade internacional. Essas potências emergentes encontraram uma razão de ser e um denominador comum para a ação nos últimos tempos. Elas se coesionaram ao longo do tempo em função da percepção que hoje é cristalina: há uma crescente clivagem entre os interesses e os modos de ação dos países do Atlântico Norte – ou Norte Global –, incluídos nesse conceito países como Austrália, que não está geograficamente no hemisfério Norte, mas compartilha dos valores e modos de ação do Atlântico Norte, e os do Sul.
Sul Global: 2/3 do mundo: De um lado, há o bloco do G7, que é a tropa de choque do Norte Global e, de outro lado, os países do Sul Global, os emergentes e aqueles que não são potências geopolíticas, mas engrossam o coro e compõem essa maioria. Um total de 2/3 do mundo é composto por países do Sul Global. Este bloco começa a se coesionar e agir com coesão e lógica interna própria a partir dos estímulos que recebe do entorno. Os últimos anos serviram para tornar mais nítida a linha que divide o Norte do Sul Global geopoliticamente. Não falo apenas da disparidade econômica. Até porque no Sul Global se insere a China que, pelas medidas agregadas da economia, já faz parte do grupo das potências mundiais. China e Rússia são países que têm assento permanente e veto no Conselho de Segurança da ONU. Isso evidencia que não se trata meramente de uma diferenciação de perspectiva econômica. É geopolítica. É leitura de mundo. É projeto. É visão sobre a ordem internacional. Essas visões vão ficando mais nítidas e se diferenciando umas das outras. Os projetos do Norte e do Sul para o mundo vão ficando muito diferentes entre si e a novidade histórica é, de certa maneira, acelerada pelos eventos dos anos 20. Isto é, esses países emergentes e revisionistas da ordem passaram a adotar uma lógica de atuação coletiva; isso não havia antes. As ações tendiam a ser individualizadas, a ter menos senso de direção; umas anulavam as outras. No contexto da Guerra Fria, alguns países eram “capturados” para serem parte da zona de influência de Washington, outros, de Moscou. As coisas acabavam se bloqueando e os vetores se anulavam. A novidade histórica é que este blocão do Sul Global, as potências emergentes, começa a pensar em termos de ação coletiva. Não lembro de algum bloco ou iniciativa institucional que tenha sido desenvolvido no marco das relações internacionais modernas como o BRICS+, com 11 membros. É uma ação de potências médias, em sua maioria, revisionistas, que se associam e têm capacidades para forçar algum tipo de mudança. Isso é diferente de organizações como o G77 [Grupo dos 77], movimento não alinhado, com apelo simbólico, que pressionava, mas lhe faltava a força de poder que o BRICS tem. Esse bloco tem capacidade instalada, força econômica, tecnológica, ogiva nuclear, penetração nas instituições diplomáticas globais, tem força regional, é capilarizado, conta com capacidade energética incontrastável, basta olhar as reservas de petróleo, de gás, seu poder e capacidade na perspectiva ambiental. O Brasil é uma potência global em recursos hídricos, energéticos, de biodiversidade, energia limpa e renovável, produção de alimentos. O BRICS+ é a encarnação e instanciação dessa nova fase das relações internacionais. De certa maneira, a mera existência de um grupo de atores que agora se enxerga como ator coletivo e busca reformar a ordem força o consenso da literatura a ser revisado. Os pontos de vista para a teorização terão que mudar e incorporar a existência desse desafio. Isso é urgente.
IHU – Como analisa as potências emergentes à luz dos eventos mencionados anteriormente: pandemia de Covid-19, guerra na Ucrânia e o conflito entre Israel e Hamas? Dawisson Belém Lopes – Vamos à exemplificação. A pandemia de Covid-19 tornou claros alguns elementos. O primeiro deles foi a ideia do “cada um por si hobbesiano” nas relações internacionais. O ano de 2020 foi muito eloquente neste sentido. A ideia de solidariedade global fracassou. Assistimos ao autosserviço. Países com mais capacidade industrial, tecnológica e instalada tentaram servir aos seus interesses nacionais e, depois, distribuir e vender as sobras de vacina. Foi um festival de nacionalismo sanitário nos EUA, Canadá. Israel foi o país que mais rapidamente imunizou sua população com a primeira dose da vacina. Os europeus brigaram entre si, desviando cargas de suprimentos médicos. O primeiro momento da pandemia entre eles foi dramático. Depois, a União Europeia passou a agir com uma lógica mais coletiva. Isso resultou na escala de vacinação, onde houve uma priorização do Norte Global. Os gráficos da época mostram que enquanto o Norte Global começava a ser imunizado em dezembro de 2020, em 2021, de forma ampla, os países do Sul Global ficaram no fim da fila. Não houve solidariedade e preocupação com a distribuição equânime e equilibrada da vacina. Houve atores que exploraram geopoliticamente esse fato. Talvez alguns de nós não recordam, mas a Rússia, a China e a Índia tinham suas vacinas próprias, desenvolveram-nas e tentaram fazer a diplomacia da vacina. A China, muito evidentemente. A Índia, de forma mais focada na região, no sul da Ásia, e a Rússia, buscando cooperação com alguns países de governos mais à esquerda. As vacinas russas chegavam à Argentina, ao México, à Venezuela. A China foi mais universalista. Tentou atender a África, que ficou no fim da fila. Brasil e outros países se beneficiaram da diplomacia da vacina. A pandemia deixou muito clara a divisão entre o Norte e o Sul Global. Reforçou essa linha e coesinou o Sul em relação ao Norte e o Norte em relação ao Sul. A pandemia foi um evento importante para entender esse movimento recente nas relações internacionais e a forma como as potências emergentes desafiam frontalmente a organização do mundo. Guerra na Ucrânia: O segundo momento é a guerra na Ucrânia, que pega de surpresa os comentaristas internacionais. A Rússia invade a Ucrânia e viola uma regra do direito internacional público, a soberania ucraniana, e isso desencadeia uma série de consequências. Vimos claramente o Norte Global se coesionar e tomar uma posição de rechaço inequívoco à ação militar russa. Boa parte do mundo concordou com essa posição inicialmente, inclusive o Sul Global, porque boa parte do Sul Global é feita de países que conquistaram tardiamente sua independência nacional. Aqui falamos da América Latina, que conquista a independência no século XIX, e dos países africanos e asiáticos, que conquistam a soberania territorial no século XX. Então o Sul Global é soberanista. O Sul Global não gosta de ver esse tipo de manifestação ou agressão à soberania de um Estado. O princípio não agrada ao Sul Global. Ainda assim, com o passar dos meses, Sul e Norte vão se diferenciando em relação ao conflito. Enquanto o Norte foi com tudo e passou, num segundo momento, a impor sanções cada vez mais duras à Rússia, os países do Sul Global não foram por esse caminho. Condenaram em abstrato, nas instâncias devidas – alguns, porque vários não condenam a Rússia –, mas a partir do momento em que o Norte passa a impor sanções econômicas, o Sul se reposiciona. De forma ampla, o Sul global não embarca na proposta de punir a Rússia na perspectiva econômica, basicamente sob o mesmo argumento: seria uma autopunição porque os países do Sul Global não podem se dar ao luxo de renunciar a algumas rendas, de cooperação militar, de acesso a certos bens comuns. Há alianças constituídas ao longo do tempo. Assim, o Sul Global se reposiciona no segundo momento. Os blocos ficam claros. Hoje, 2/3 do mundo não impõem sanções à Rússia e boa parte dos países do Sul aumentaram os fluxos econômicos e comerciais com a Rússia, incluindo o Brasil.
Conflito Israel-Hamas: Agora, o momento que se vive na contemporaneidade, o conflito brutal entre Hamas e Israel tem um histórico muito longo. Nas duas últimas semanas, vimos um ato terrorista do Hamas que ceifou a vida de 1.300 israelenses, que por si só deve ser lamentado e condenado. Isso é um trauma para as gerações que estão envolvidas diretamente, mas que vem sendo retaliado de maneira brutal, ilegal e desproporcional por Israel. A cifra de mortes de palestinos já excedeu a de israelenses sob o argumento de que Israel está se defendendo e precisa acabar com as estruturas físicas que servem ao terrorismo no território de Gaza. É o quadro das duas últimas semanas. O evento também parece desencadear comportamentos no Norte e no Sul. Os países têm reflexos e formas de reagir diferentes. Já está claro que há uma sedimentação dos blocos e, enquanto o Norte parece mais próximo de uma perspectiva israelense, sem comprar completamente o pacote em alguns casos, o Sul Global parece mais inclinado a uma visão palestina, não do grupo terrorista Hamas, mas do país palestino. Esse é o atual estado de coisas. Esses três eventos fortaleceram a clivagem entre o Norte e o Sul.
IHU – Quais as expectativas para o futuro? Dawisson Belém Lopes – Com boas razões, devemos assistir, nos próximos anos, um reenquadramento amplo das relações internacionais. Eu apostaria, pela próxima década, na produção de obras, de novos clássicos, que nos ajudarão a pensar o admirável mundo que vem por aí. Pontos de apoio vão mudando. É necessário, a bem da heurística, recentralizar as narrativas das relações internacionais e produzir algo que incorpore mais centralmente a mirada das potências emergentes. Há vida inteligente no Sul Global, nas academias das potências emergentes, e qualquer projeto de explicar as relações internacionais contemporâneas precisa levar em devida conta as perspectivas geopolíticas que emergem com as potências emergentes.
2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos continuar ouvindo o testemunho de Pepe Escobar explicando sobre as motivações que estão por trás do conflito em Gaza, isto é a guerra do Império contra o Sul Global. Trata-se da segunda parte, pois a primeira foi ao ar no programa anterior. Agradecemos a parceria do Pepe Escobar e do Brasil 247. Ele é um jornalista investigativo independente brasileiro. No Brasil, trabalhou para os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Gazeta Mercantil, além de ter publicado artigos na revista Carta Capital. É correspondente de várias publicações internacionais. No Brasil, é colunista do portal Brasil 247 e comentarista na TV 247. Veja a entrevista completa no link abaixo: (331) Pepe Escobar explica Gaza e a guerra do Império contra o Sul Global – YouTube 3- Música: Cantiga de Paz, com Zé Vicente;
4- Fotos: Da internet – Frei Gilvander Moreira: