Revista de Rádio Nº 542 - 04 de janeiro de 2024
Bloco 1:
Bloco 2:
INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO
PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO
Produção e apresentação: Frei João Osmar
542º programa: 04 de janeiro de 2024:
1- Resenha: Hoje vamos tratar sobre uma tradição religiosa/cultural muito presente e forte no Sul do Brasil, que foi trazida para cá pelos portugueses/açorianos, que é o “Terno de Reis”. Vou seguir aqui reportagem publicada pelo site do jornal Brasil de Fato RS em janeiro de 2023. Recomendo a leitura do texto na íntegra acessando o link abaixo:
Terno de Reis promove resgate cultural de tradições | Cultura (brasildefators.com.br)
Terno de Reis promove resgate cultural de tradições açorianas na zona Sul de Porto Alegre
Em Porto Alegre, os Ternos eram parte dos festejos comunitários de Natal dentro da tradição dos imigrantes portugueses, oriundos da Ilha dos Açores, que aportaram na década de 1760 no Rio Grande do Sul. A tradição adquiriu tamanha importância entre aquela comunidade, que viria a ser executada em qualquer época do ano, a partir do convite aos grupos de cantadores. Estes eram os chamados Ternos Temporões, em que músicas e danças animaram aniversários, casamentos, encontros familiares e outras reuniões. No improviso ou com composições pré-definidas, cada Terno tem sua própria identidade artística em letras e melodias. Inicialmente compostos com instrumentos de corda e percussão. Algumas vezes a gaita era introduzida, incrementando o arranjo instrumental.
O cortejo realizado nesta sexta-feira (6), Dia de Reis, começou por volta das 19h, seguindo até a manhã do sábado (7). No percurso, os cantadores e seus seguidores pararam em quatro residências, onde os vizinhos se agruparam. Esse percurso foi resultado de quatro anos de buscas do casal Rosélia e Victor, da Quinta das Tarumãs. “Sabíamos que no Extremo Sul de Porto Alegre e em Viamão, seguindo para o Litoral, os Ternos eram frequentes e variados, então pensamos que seria fácil promover uma apresentação. Só que foi bem mais difícil. Os grupos se dispersaram nos últimos anos, ainda mais com a pandemia”, relata Rosélia. Com o apoio do Lanceiros da Zona Sul, a busca teve sucesso, foi possível reunir o trio Bilaca, Dema (mestre e segunda voz de mestre) e Tavares (Contramestre). Victor se dispôs a compor o dueto com o Contramestre e assim formar o quarteto básico de terno, aprendendo durante a execução.
Idemar da Rocha Nunes, o Dema, cantor desde criança e atualmente na faixa dos 60 anos, refere que seu “falecido pai fazia aniversário em 7 de janeiro e era sagrado cantar o Terno no dia 6 até amanhecer. A gente ia de Porto Alegre, Belém Novo, Lami, até Viamão, pela Faxina, Itapoã, Cantagalo, todo este sul até as praias. E a festa era grande, com comida, bebida, terminando em baile na última casa visitada.”
Bilaca, Astrogildo Bittencourt, Mestre deste Terno, hoje com 82 anos, traz de memória e improvisa os versos que os demais seguem. Ele relembra de muitas cantorias nos seus mais de 70 anos de experiência, de quando se reuniam vários Ternos em uma só noite e de que começavam pelo dia 6 de dezembro a percorrer as casas. Tavares Nunes da Rocha, de 77 anos, relata que muitos dos parceiros foram parando por motivos de saúde, outros faleceram, e os mais novos perderam o interesse pela tradição. As vizinhas e vizinhos da Quinta das Tarumãs receberam o grupo com alegria e mesa farta, item fundamental na celebração. Muitos relembraram de momentos de sua infância e juventude quando assistiam Ternos e mesmo acompanharam alguns cantando. Na última casa visitada da noite veio a surpresa da presença de outro Terno de Reis formado por integrantes da família de “seu” Miguel Cota (como era conhecido). O Mestre Miguel Luiz de Oliveira, já falecido, deixou para a família o legado das cantorias. Neste momento, se apresentaram sua filha mais nova, Gloria Oliveira, seu neto Alexandre Oliveira Nunes, que o acompanhava cantando ternos desde os 8 anos de idade, com a esposa Lisiane e a filha Ana Laura. Segundo Glória, após a morte de seu pai, faltou motivação para retomar esta tradição na comunidade, mas nunca deixaram de praticar em casa.
2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos ouvir, em lugar da entrevista e/ou testemunho, a cantoria de Terno de Reis da Família Silva, originária da região norte do município de Cachoeira do Sul, hoje municípios de Paraíso do Sul e Cerro Branco, na região central do RS. A cantoria foi gravada em CD patrocinado pela Fundação de Arte e Cultura – FUNDARC do Município de Gravataí, RS no ano 2000 e que contou com a participação de mais três ternos de Reis. 3- Música (na 1ª parte do programa): O Presépio da Vida, com Frei Sadi Rambo – OFM;
4- Fotos: Da internet –Frei Sadi Rambo: