Revista de Rádio Nº 536 - 23 de novembro de 2023
Bloco 1:
Bloco 2:
INSTITUTO CULTURAL PADRE JOSIMO
PROGRAMA REVISTA DE RÁDIO
Produção e apresentação: Frei João Osmar
536º programa: 23 de novembro de 2023:
1- Resenha: Hoje vamos tratar sobre o Dia/Semana/Mês da Consciência Negra e a Marcha Independente realizada em Porto Alegre, RS conforme o Jornal Brasil de Fato RS do dia 21 de novembro pp. Você pode acessar o material completo no link abaixo:
Marcha Independente Zumbi e Dandara reivindica o direito | Variedades (brasildefators.com.br)
Marcha Independente Zumbi e Dandara reivindica o direito à cidade em Porto Alegre
Maria Helena dos Santos
Manifestantes vão às ruas da capital gaúcha denunciar as desigualdades e a falta do bem-estar urbano das cidades gaúchas que sofrem o descaso da administração pública diante das consequências das enchentes no estado. A Marcha Independente Zumbi e Dandara em Porto Alegre reuniu integrantes de entidades do movimento negro, partidos políticos, movimentos populares e sindicatos na Esquina Democrática, no Centro.
Com concentração iniciada às 17h, e conclusão no Largo Zumbi dos Palmares por volta das 21h, o ato foi marcado por apresentações artísticas, com a encenação da luta dos Lanceiros Negros na Guerra dos Farrapos, e por uma série de reivindicações. Entre as pautas, manifestações por uma educação antirracista, contra a privatização de presídios no estado, contra o encarceramento da juventude negra, pelo direito à cidade, entre outras.
O ato é realizado todos os anos no 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, e defende um projeto de vida para a população negra brasileira. “A cada ano nós precisamos levantar as bandeiras políticas mais urgentes para a nossa população, aqui em Porto Alegre tinha a questão do poder ao povo negro e o direito à cidade. Olhar para a segregação territorial, a situação das periferias, a crise ecológica que hoje atinge as ilhas, os bairros mais pobres, o acesso a transporte, a educação e pensar resolução disso através de um programa antirracista”, afirma o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL). As palavras de ordem deste ano foram “Pelo poder ao povo preto, por nossa identidade afro-gaúcha e pelo direito à cidade!”. “Essa foi a essência do chamado hoje, eu acho que está corretíssimo, porque nós estamos na luta para reconstruir o Brasil após os anos de bolsonarismo, em que as liberdades democráticas correram risco, para nós elas sempre foram pequenas, mas a resolução agora para reconstruir o Brasil ela tem que vir da população negra que é a maioria”, complementa Matheus. “Infelizmente, é o povo negro que ainda marcha. O 20 de novembro não é uma data em que o povo negro comemora, é uma data marcada para a sociedade refletir. Eu tenho certeza que nosso estado tem refletido. A chegada dessa bancada negra na Assembleia Legislativa é um pouco dessa reflexão, sendo que é a ocupação, também, dos espaços políticos de poder”, ilustra a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB). Segundo ela, a sociedade precisa refletir muito mais sobre as desigualdades entre os segmentos sociais e sobre quais os rumos que nós vamos ter. “Nós somos o quarto estado que mais mata mulheres. E quando nós estamos falando de mulheres, nós estamos falando de mulher preta. Nós somos ainda um dos estados mais segregados do país. Um dos piores lugares para ser uma pessoa preta ou para criar um filho preto. Então, quando a gente fala do nosso estado, ou quando a gente fala dessa data, a gente está falando de um povo que ainda luta para ter o direito de viver com o mínimo de dignidade”, conclui a deputada.
Ontem (20) a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia aprovou, em reunião extraordinária, de forma conclusiva, o projeto de lei 91/2023 que inclui no calendário oficial de eventos e datas comemorativas do estado a Semana da Consciência Negra de 14 a 20 de novembro. “Hoje foi um dia muito importante, nós aprovamos essa legislativa, a Semana da Consciência Negra. E amanhã, se tudo der certo, vamos aprovar também o dia em comemoração ao primeiro herói negro da história do Rio Grande do Sul, que é o Manuel Padeiro, Zumbi dos Pampas, um projeto de lei de minha autoria. E que tem a ver com a recuperação da história, através de símbolos também, sobre a participação do povo negro na construção da história do Rio Grande do Sul”, salientou a deputada estadual Laura Sito (PT). Para ela, o dia 20 de novembro é uma data central na denúncia do que é o racismo estrutural no Brasil. “A gente poder estar nas ruas marchando tem uma magnitude muito grande de denúncia, mas também de conscientização. Se mobilizar, andar pelas ruas, denunciar que o povo negro desse país tem negado diariamente o seu direito à cidadania. Isso significa não poder acessar bens e serviços, significa andar pelas ruas e poder ser morto pelo poder do Estado. É algo que é muito grave e dá a dimensão do que é o que a gente vive. Então, o 20 de novembro é uma data fundamental. Fico feliz que ele seja uma data no Brasil todo e luto para que ele possa ser feriado no Brasil todo”, afirma Laura.
Movimento estudantil comemora a nova Lei das Cotas
Na avaliação do estudante Alejandro Guerrero, novo presidente da União Estadual de Estudantes (UEE-UNE), a mobilização do movimento negro traz mudanças significativas para a juventude negra. “A gente está lutando, na verdade, tivemos uma baita conquista, que é a renovação da política de cotas, fruto dessa mobilização das ruas, em defesa da educação, mas também pela permanência, garantindo que o nosso povo preto, que entra na universidade, saia com o diploma na mão. Temos um sonho, em especial nós que somos os primeiros das nossas famílias na universidade, a retornar com esse diploma que é a representação dos nossos sonhos e de várias gerações que tiveram esse direito negado”, avalia. Já a aposentada Lúcia das Graças Lima Moraes, que faz parte do Fórum das Mulheres Pretas da Economia Solidária, ressaltou a importância da data para a valorização da representatividade negra. “Deveríamos ter mais dias como esse, pois até hoje nós sofremos por sermos negros, nada mais reflete a minha tristeza por termos que continuar lutando pelos nossos direitos”, afirma.
Segunda edição do prêmio Oxé Xangô
O Novembro Negro Unificado Antirracista será encerrado com a entrega do prêmio Oxé Xangô em homenagem aos griots ou griottes, que são guardiões da tradição do povo negro. Prevista para ocorrer no dia 30 de novembro, às 19h, a cerimônia ocorrerá na quadra da Sociedade Beneficente Cultural Bambas da Orgia (Rua Voluntários da Pátria, 1387, no bairro Floresta), em Porto Alegre. A honraria foi concebida pelo Grupo de Trabalho de Cultura da articulação política que reuniu mais de 40 entidades dos movimentos negro, social, sindical, estudantil e da juventude. Será destinada a mulheres e homens negros com mais de 60 anos que têm ou tiveram atuação destacada em 12 segmentos: Artes Visuais, Atuação Política, Comunicação, Direito, Educação, Esportes, Liderança Comunitária, Literatura, Música, Religiosidade, Saúde e Sindical.
2- Testemunho/entrevista: Hoje vamos ouvir o testemunho de Frei Tiago Elias, jovem negro, membro da Província Franciscana da Imaculada em São Paulo e trabalha no SEFRAS – Serviço Franciscano de Solidariedade. Também vamos ouvir o comentário de Eliane Almeida, a Mãe Negrita, do Bairro Lomba do Pinheiro, Porto Alegre, RS falando sobre Religiões de matriz africana e a proteção da Amazônia e da Natureza como um todo. 3- Música: Ganga Zumbi, com Bruno Conde e Bruna Moraes e, no final do Programa, Lute, com Chico César;
4- Fotos: Da internet – Jornal Brasil de Fato, RS: