Na trajetória da vida de Jesus, muitas pessoas entram em contato com Ele e neste relacionamento, expressam ou demonstram muitas e variadas atitudes que poderiam ser observadas como Atitudes Orantes. Também Jesus, em vários momentos, expressa Atitudes e Comportamentos típicos de quem percebe a presença de Deus e se coloca à disposição dEle ou entra em diálogo e comunhão com Ele.
Entre as principais e mais frequentes Atitudes Orantes ou Comportamento de Prece que podemos perceber nos Evangelhos, podemos destacar:
Pedido
Muitos pedem a Jesus, para serem curados, para estarem livres de tormentos psicológicos, para serem perdoados, e tantos outros.
Súplica
Alguns pedidos são mais que pedidos. São súplicas desesperadas. Há súplicas que se fazem aos gritos, como o cego na beira da estrada.
Gratidão
Jesus mesmo agradece ao Pai em alguns momentos. Há pessoas que lhe agradecem, como um dos dez hansenianos que foram curados.
Confissão
O reconhecimento da Missão de Jesus e de que Ele é o enviado do Pai é uma atitude forte de oração.
Admiração
Admirar é uma forma de rezar. Muitos admiram as práticas de Jesus, suas curas, sua autoridade, suas palavras. Jesus admira-se das manifestações do Pai, com os lírios do campo e as aves do céu.
Diálogo
Atitude orante por excelência, pois é manifestar o que sente, ouvir, dizer, expressar, trocar. Jesus dialoga com as pessoas e as pessoas dialogam com Jesus. São as crianças, são os discípulos, são os doentes, é a mulher com hemorragia, é o cego à beira da estrada, é a mulher samaritana à beira do poço, é com os outros crucificados na cruz, é com sua mãe, é com o incrédulo Tomé, é com Madalena, com o jovem rico, com os desanimados discípulos a caminho de Emaús. São tantos os momentos e uma só e permanente atitude de ouvir, sentir, sofrer diante da dor alheia, falar, conversar, atender, perceber, compreender, acolher. Jesus também dialoga com seu o Pai, o Deus a quem chama de Abba, que em seu idioma natal, o aramaico, significa carinhosamente “Papai”.
Disposição para o Seguimento
Dispor-se a seguir Jesus é uma atitude orante essencial, é manifestação de entrega e doação, disposição para o sacrifício, para a missão, para o risco e as incertezas.
Aproximar-se do Caído
Atitude orante sem a qual a Mística torna-se vazia e sem conteúdo. É o desafio de Jesus na parábola do Bom Samaritano. O amor a Deus e ao próximo se torna real e efetivo na atitude solidária do samaritano que se aproxima e socorre o caído, roubado, ferido e deixado penando à beira da estrada.
Reconhecer Jesus nos Irmãos Pobres e que Sofrem
Desafio supremo da Mística proposta pelo Nazareno na simbologia da Grande Juízo. “ Estava nu e me vestistes, com fome e me destes de comer, doente e me curastes, sem casa e me acolhestes, com sede e me destes água para saciar a sede, preso e me visitastes”. “o que fizestes ao menor dos meus irmão, a Mim fizestes”. Mt 25, 31ss
Alegria
Jesus manifesta alegria, exulta, quando reza ao Pai agradecendo. Alegrar-se é uma atitude orante. Principalmente quando a alegria é fruto da gratidão, da boa convivência, de estar bem na comunidade. Dar glórias, reconhecer o que de bom acontece e manifestar esta alegria, no canto, na festa, nos encontros com amigos, na convivência é atitude orante em sintonia com os Evangelhos.
Sentimento de Dor e Sofrimento
Há momentos em que Jesus se põe em oração, mas está muito triste. Na morte de seu amigo Lázaro, ele chora. No horto, antes da prisão e da morte, ele também está em profunda tristeza e se põe em prece nesta condição. Nas situações de dor e sofrimento, a prece que sai do coração está em sintonia com este sentimento.
Recolhimento
São muitos os relatos nos Evangelhos em que Jesus se retira, se recolhe, fica só, vai para a montanha, vai para locais isolados, para rezar. São os momentos de recolhimento, mas o mais importante, é a atitude de recolher-se, centrar-se em si mesmo, buscar a harmonia interior, encontrar-se com Deus no íntimo de si mesmo. Jesus, porém, não fica preso em seu recolhimento, volta sempre ao caminho, ao meio do povo, à missão de anunciar e construir o Reino de Deus.
Compaixão, Misericórdia, Solidariedade
Sentir com a dor do outro. Jesus sentiu isto em vários momentos. Era nEle uma atitude permanente. Quando viu o povo sem lideranças confiáveis, “ovelhas sem pastor”, e com fome “tenho compaixão deste povo”, quando realiza o milagre da repartição/multiplicação dos pães e peixes. É a virtude do samaritano que socorre o caído e “teve compaixão para com ele”. Diante de dois cegos, Jesus “teve compaixão”. Ao ver a mãe viúva com o filho único morto, Jesus “teve compaixão e lhe disse: ‘não chore’”.
Humildade, Disposição para Servir
Atitude vivida por Jesus e exigida aos que o seguiam. “ O maior seja aquele que serve”. “Lavem os pés uns dos outros”, na emblemática atitude de Jesus de ajoelhar-se e lavar os pés de seus discípulos.
Olhar, Cuidar e Aprender com a Mãe Natureza
Ver as manifestações de Deus e seu Espírito nas águas, no vento, nos pássaros, nas flores, nas sementes, nas árvores, e aprender com a própria Criação como viver e como cuidar dela, em atitude de reverência e respeito com a natureza, amar a Deus e ao próximo, é atitude orante por excelência, vivida e recomendada por Jesus. “Olhai as aves do céu, aprendam com as flores do Campo”. “ Sou videira, sou água viva, o Espírito está no vento, o Reino é como semente de mostarda”.
Autocritica, Disposição para Mudar de Vida, Penitência
Atitude do filho pródigo que volta ao Pai “pequei contra Deus e contra os ti”, o encontro com Zaqueu “ vou devolver o que roubei”, o publicano no fundo da sinagoga, batendo no peito e pedindo perdão. É a atitude que não aconteceu com o jovem rico, nem com Herodes, nem com o rico comilão que não se sensibilizou com as feridas do pobre Lázaro.
Dúvida e Questionamento
Questionar, perguntar, duvidar também pode ser um caminho para chegar a Deus, uma atitude orante ativa. A pergunta e a dúvida sincera de quem busca sentido, de quem busca explicação, de quem quer entender, de quem quer encontrar-se na vida, com disposição de encontrar o caminho é recorrente nos Evangelhos. “Quero ver as chagas”, desafiou Tomé. “Mostra-nos o Pai”, cobrou Felipe. “Pode vir coisa que preste de Nazaré?” – questionou Natanael. “Quem é Ele para que eu possa crer? ”, questionou o leproso curado. “Onde rezar? ” – perguntou a mulher samaritana. “Pode o homem adulto voltar ao seio de sua mãe e nascer de novo? ” – perguntou, duvidando, Nicodemos.