A Mística dos Discípulos e Discípulas de Jesus

12 de janeiro de 2018
Autor
Frei Sérgio Görgen

 

Publiquei dias atrás alguns aspectos da Mística de Jesus, sua espiritualidade, sua relação com o Pai e com os Pobres e seu ardente desejo de transformar a sociedade a partir dos valores do Reino de Deus. Publico agora algo sobre a mística que motivou a primeira geração de seguidoras e seguidores de Jesus.

Perguntar-se pela Mística dos discípulos e discípulas de Jesus é um esforço de apontar alguns aspectos, de formular um pequeno roteiro para reflexão, do que parece ter sido a mística que alimentou a prática da primeira geração dos seguidores de Jesus Cristo.

 

Seguimento do Jesus Histórico

 

 Vem e segue-me, no caminho com Jesus. Seguimento não é imitação. Cada um vai com seus conflitos, com suas dúvidas, com suas contradições, com suas origens familiares, com seus preconceitos, com suas limitações, mas se dispõe e se colocam a caminho, se dispõe a mudar. Seguem, não imitam. Buscam coerência sempre maior, num caminho de tropeços, dúvidas, sacrifícios, alegrias e esperanças.

 

Fé no Cristo Ressuscitado

 

A Ressurreição é a referência fundamental, é a força amorosa e esperançosa da superação. É o sentido último que fundamenta todas as esperanças e que dá sentido a todo o existir humano e às lutas concretas para construir e transformar a história humana. O Cristo Ressuscitado da Fé dá sentido e fundamento ao seguimento do Jesus de carne e osso da história e une umbilicalmente os dois. A fé no Cristo Ressuscitado pode ser vã se não vivida no seguimento do Jesus Histórico.

 

A prática da partilha

 

 O pão, os bens do espírito, as capacidades, as coisas. “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, te dou, ” (At 3, 6) diz o discípulo Pedro ao doente na porta do Templo. A capacidade de partilhar e a prática da partilha são a pedra de toque da fidelidade ao Evangelho de Jesus na mística dos discípulos nas primeiras comunidades cristãs.

 

A Vida em Comunidade

 

 Dois a dois, formar comunidades, comunidades de iguais. A fraternidade proposta por Jesus se expressa em vida comunitária, todos tem valor igual porque todos são irmãos e irmãs. A solidariedade, a fraternidade, a igualdade e o serviço são as normas centrais da vida comunitária deixada por Jesus. “Um só é o Mestre de vocês e vocês todos são Irmãos. Não chamem ninguém de pai pois um só é o Pai de vocês, não chamem ninguém de líder pois vocês só têm um Líder. O maior entre vocês seja aquele que serve”. Mt 23, 8-11

  Os quatro pilares da vida dos primeiros discípulos e discípulas de Jesus são:

– A fé em Jesus;

– A perseverança na oração;

– A partilha do pão, dos bens e da vida;

– O amor em comum.

 

Confiança no Espírito Santo

 

 É o Deus Amor integrado na existência humana. Deus sempre presente. Não é só liturgia, não são momentos, não são devoções – pode ser também e tudo isto – mas é vida quotidiana, é prática ética, é concretude material. É superação permanente. É presença permanente de Deus, é o Espírito de Deus em nós e na história.

 

Consciência da Missão

 

Testemunho, militância, doação, envolvimento, compromisso, continuidade, perseverança. É um projeto de vida iniciado que precisa continuar para a construção da fraternidade universal, da alegria de bem viver, da sociedade de irmãos e iguais, do Reino de Deus na história e na transcendência da história.